Um estudo mostrou que o cultivo de cacau está recuperando áreas degradadas na Amazônia. O manejo ocorre em sistema agroflorestal. Adriano Venturieri, cientista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), encabeçou o estudo.
O trabalho recebeu o título de “A expansão sustentável do cacau (Theobroma cacao) no Estado do Pará e sua contribuição para a recuperação de áreas degradadas e redução do fogo”. Ele foi publicado no fim de junho no periódico científico Journal of Geographic Information System.
Para realizá-lo, foram mapeadas as áreas para avaliar a evolução do cultivo de cacau no Pará. O Estado detém 50% da produção nacional do fruto que dá origem ao chocolate.
Cultivo de cacau em áreas degradadas
“O cacau, majoritariamente, não está avançando sobre novas áreas de floresta”, afirma Venturieri. “Ele está ocupando áreas já degradadas e ainda o sub-bosque de florestas que não foram desmatadas integralmente”.
De acordo com o pesquisador, o que difere o cacau amazônico do de outras regiões do país é que ele é plantado com sombreamento, e não a pleno sol. “É interessante perceber que a presença do cacau nessas áreas acentua a presença da floresta, segura o fragmento florestal que ainda existe e evita o desmatamento”, observa o cientista da Embrapa.
Venturieri comenta que várias tecnologias foram usadas no mapeamento. “Foi preciso cruzar imagens de satélite obtidas pelo monitoramento regular do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), do projeto de Mapeamento do Uso da Terra na Amazônia (TerraClass) e os dados do Cadastro Ambiental Rural para ir a campo e checar, com os produtores e técnicos locais, a localização exata do cacau entre as áreas de floresta”, afirmou.
Nos 90 mil hectares mapeados no trabalho, os pesquisadores mostram que praticamente 100% não estão em áreas protegidas. “Na verdade, apenas 0,46% das áreas com cacau está em área de proteção ambiental, em que, de acordo com a legislação, é permitido o desenvolvimento de atividades produtivas”, disse.
Mais cacau, menos queimadas
O cultivo do cacau, segundo Venturieri, reduz o uso de queimadas. O fogo não é utilizado para preparar o solo na cultura cacaueira. Assim, a conversão do pasto para a agricultura perene diminui a emissão de gases do efeito estufa e gera maior proteção aos recursos naturais da área, explica o pesquisador.
O trabalho confirma o relato local. “Nós comprovamos no mapeamento o que muitos produtores já nos diziam: que o cacau é produzido em áreas menores, não desmata e ainda reduz o uso do fogo”, conclui Venturieri.
Desde a infância eu sei da Embrapa. Meu pai (agricultor) falava das sementes, cruzamento de espécies, recuperação de espécies… Pesquisa por excelência. Pioneirismo em recuperação de solos. Gente muito competente.
Brasil ensinando os EUA, China, europa … como se faz proteção ambiental…Cadê o Nobel para o Brasil?
Isso a grande mídia não publica!
Parabéns à Embrapa, sempre criando soluções para aumentar a produtividade, reduzindo assim a área plantada e reduzindo o desmatamento ilegal.
Lembro também do trigo resistente a clima tropical, que está transformando o nordeste em grande produtor do grão.
A cultura de cacau no Pará já atinge cerca de 200 mil hectares em áreas onde houve desmatamento e a floresta começou a se recuperar, propiciando o sombreamento necessário para a cultura. E por isso o Pará deve superar a Bahia como maior produtor de cacau.