Há mais de 200 dias, a gripe aviária chegou ao Brasil por meio de aves silvestres. A doença é uma ameaça que pode dizimar criações inteiras por ser altamente contagiosa. Até o momento, porém, o problema não atingiu nenhuma criação destinada à indústria de alimentos do país.
Presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin classificou o feito como uma grande conquista nacional. “Em todo o mundo, nenhum outro país conseguiu ficar tanto tempo com a gripe aviária em pássaros silvestres em seu território sem que a doença chegasse às criações comerciais”, disse em uma coletiva de imprensa na terça-feira 19.
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Santin citou alguns dos fatores brasileiros que permitiram a conquista. A lista envolve tanto questões geográficas quanto os cuidados com bem-estar animal adotados pela indústria. De acordo com o presidente da ABPA, as rotas migratórias para os pássaros silvestres que chegam ao Brasil passam mais por áreas litorâneas — onde existem poucas granjas comerciais.
“O nível de exposição é menor”, explicou. “O Brasil também tem um sistema muito bem fundamentado de tecnologia de produção e de bem-estar animal.”
O executivo também afirmou que manter cuidados com o bem-estar animal influencia muito para que os animais tenham menores níveis de stress e se mantenham bem alimentados. Entre as medidas adotadas, Santim colocou o uso da água “controlada” como um dos possíveis grandes diferenciais no país.
“Uma caraterística presente na maioria dos criadores brasileiros é não usar águas de poços abertos e lagoas”, disse.
Em muitas partes do mundo há o uso de fontes descobertas, deixando, assim, uma brecha para que aves migratórias contaminadas — ou seus dejetos — acessem esses reservatórios. Desse modo, a água eventualmente contaminada leva a doença para dentro da criação.
Gripe aviária no Brasil
O Ministério da Agricultura confirmou o primeiro foco da doença no Brasil em 15 de maio de 2023. Trata-se de uma ave silvestre e migratória encontrada próxima ao litoral do Espírito Santo.
De lá para cá, 151 focos foram confirmados no país — sendo 148 em animais silvestres e três em aves criadas para o consumo próprio. Assim, a indústria de alimentos nacional segue considerada livre da gripe aviária.
Salve,as galinhas!