Os javalis estão causando US$ 2,5 bilhões de prejuízo todos os anos ao agronegócio dos Estados Unidos. É o equivalente a R$ 11,8 bilhões. Em resposta, caçadores e restaurantes se uniram para caçar — e servir o animal. A informação foi divulgada pelo jornal britânico The Guardian na terça-feira 25.
Os prejuízos às plantações, à silvicultura e à pecuária norte-americanas não são novos. Embora a caça em larga escala possa parecer um crime ambiental à primeira vista, na verdade, é o contrário.
O javali não é um animal nativo das Américas. Como um invasor, ele se torna uma praga no meio ambiente dos países americanos. No século 15, Cristóvão Colombo trouxe os primeiros oito javalis ao continente em sua viagem a Cuba, em 1493.
Por que a caça do javali é permitida nos Estados Unidos
Em 1890, com o esgotamento da caça selvagem nos Estados Unidos, caçadores de elite trouxeram 13 javalis eurasianos. Eles provavelmente foram comprados da Floresta Negra, na Alemanha, e foram levados para uma reserva de caça no estado norte-americano de New Hampshire.
Por serem inteligentes e capazes de evitar a captura, os javalis eram o sonho dos caçadores esportivos que desejavam uma perseguição. Mas, além de bons alvos de caça, os javalis são transmissores de doenças tanto para humanos quanto para os animais domésticos.
Hoje, existem 6 milhões de javalis apenas nos Estados Unidos, distribuídos em 35 Estados. Entre os descendentes, há tanto javalis como javaporcos, os híbridos fruto do cruzamento entre javalis e porcos. Sozinho, o Texas acumula mais de 2 milhões desses animais. Por serem pragas no meio ambiente, caçadores podem capturar javalis, e restaurantes podem servi-los em seguida.
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“Acho que é uma equação muito fácil”, disse o chef Jesse Griffiths, coproprietário do restaurante Dai Due. “Eles são invasores, precisam ser removidos. O argumento para muitas outras espécies de caça que comemos não é tão forte, mas é bastante evidente quando se trata desses porcos.”
O restaurante Dai Due fica em Austin, no Texas. No estabelecimento, o javali é uma proteína de destaque, ofertada em pratos com com purê de cenoura e caldo de pimentão no jantar. Até mesmo linguiça de javalis ou salsicha são servidas no restaurante de Griffiths.
O Dai Due é só um entre vários restaurantes que se uniram para conter a praga dos javalis nos Estados Unidos. Fazendas especializadas na captura, criação e abate desses animais selvagens também já começaram a se espalhar pelo país.
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O Rancho Broken Arrow, por exemplo, opera com caçadores que tiram os javalis do mato e os levam a um matadouro aprovado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Por lá, eles fazem o processamento da carne e a embalam.
O Rancho Broken Arrow foi o primeiro a conseguir um rótulo aprovado para “javali”. Hoje, ele vende em média 1,5 mil javalis por ano para restaurantes do Texas e de outros Estados norte-americanos. A tarefa de vender a carne do javali, porém, não é fácil. E não só porque conseguir caçar o javali é difícil.
“Ao contrário da carne de veado selvagem que o Broken Arrow vende, que pode ser processada diretamente no campo, os suínos ainda se enquadram nas diretrizes federais de inspeção de carne”, explicou o The Guardian. “Levou muito tempo e esforço para esses fornecedores encontrarem instalações de abate aprovadas pelo USDA que aceitariam javalis.”
Puxa, nos EUA eles caçam à bala animais que invadem propriedades rurais. Por coincidência esses seres são oriundos de Cuba.