“Recorde”. Essa é a palavra em destaque tanto pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em novas estimativas sobre a produção de grãos do Brasil. As duas entidades divulgaram novas projeções sobre a atual safra agrícola nacional nesta quinta-feira, 11.
De acordo com o IBGE, que faz projeções por ano fechado, a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas no país deve ser de 302,1 milhões de toneladas em 2023. Se confirmado, o volume de produção será 14,8% maior do que o registrado no ano passado. Além disso, a nova estimativa por parte do instituto é 0,8% superior ao que foi apresentado em março.
A divisão de grãos do IBGE é classificada por cereais (trigo, arroz e milho, por exemplo), leguminosas (feijão, entre outros) e oleaginosas (que tem a soja como principal exemplo).
Segundo o novo cálculo por parte do IBGE, o recorde da safra de grãos no Brasil se dará por meio de crescimento de 4,3% de área colhida: 76,4 milhões de hectares. Juntos, soja, milho e arroz seguem como as principais culturas plantadas no país, representando 87,3% de toda área a ser colhida no país neste ano.
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Carro-chefe da produção de grãos do Brasil, a soja tem perspectiva de alta. De acordo com a nova estimativa do IBGE, a produção nacional da oleaginosa será de 149,1 milhões de toneladas em 2023. Volume que representa crescimento de 24,7% no comparativo com o ano anterior.
“A recuperação da produtividade das lavouras na maior parte do país, na comparação com a média alcançada em 2022, é o principal fator que justifica o aumento na quantidade produzida”, afirma a equipe do IBGE. “Frente ao mês anterior, houve alta de 1,2% na quantidade produzida, influenciado pela revisão de dados em Goiás (6,4%), Minas Gerais (2,7%), São Paulo (3,9%) e Santa Catarina (8,3%).”
Safra recorde também prevista pela Conab
Diferentemente do IBGE, a Conab leva em consideração o conceito de ano-safra. No caso, de acordo com a companhia, o Brasil está na reta final da safra 2022/23, que teve início em julho do ano passado e será encerrada no próximo mês. Mas num ponto, IBGE e Conab convergem: o atual cenário deve ser de recorde na agricultura brasileira.
Segundo o relatório divulgado nesta quinta pela Conab, a safra 2022/23 nacional de grãos deverá fechar em 313,9 milhões de toneladas. Volume que, se confirmado, representará avanço de 15,2% ante à safra anterior, 2021/22. Ou seja, a expectativa atual é de crescimento na casa das 41,4 milhões de toneladas entre uma safra e outra.
De acordo com a Conab, o recorde na atual safra brasileira de grãos se dará pela produtividade por hectare — ou seja, mais produtos colhidos por área plantada. A expectativa é de 4.048 quilos por hectare. Gerente de acompanhamento de grãos da Conab, Fabiano Vasconcellos afirma que o recorde se dará apesar de condições climáticas adversas, sobretudo na região Sul durante o início da safra.
“Esse rendimento é atingido mesmo em um ano-safra sob influência do fenômeno La Niña, sobretudo no início da safra, mas em uma menor escala”, afirmou Fabiano ao mencionar o fenômeno climático que é marcado por estiagem no Sul e excesso de chuvas no Norte e no Nordeste. “Se compararmos com safra passada, o clima adverso teve impacto no Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e parte de Mato Grosso do Sul. Já neste ciclo os efeitos foram mais concentrados no estado gaúcho”, completou o gerente da Conab.
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