Ao longo de 2025, o Brasil deve colher cerca de 2 milhões de toneladas de uva. Será a maior safra da história do país — e parte considerável virá do Nordeste. A região abriga os Estados com a segunda e a terceira maior colheita da fruta no país: Pernambuco e Bahia, respectivamente.
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Dentro do Brasil, a safras de uva de Pernambuco perde apenas para a do Rio Grande do Sul, a da Bahia está entre as quatro maiores do país, de acordo com os registros do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Apesar da distância entre Nordeste e Sul, esses três Estados desenvolveram uma ligação umbilical, ao menos nas áreas onde se produz uva e a bebida derivada dessa fruta — o vinho.
Como plantar uva no Nordeste?
O cultivo nordestino importou a expertise sulista. Às margens do Rio São Francisco, a pernambucana Petrolina e a baiana Juazeiro se tornaram “cidades gaúchas” no Nordeste.
Os agricultores sulistas transformaram os municípios desse entorno em grandes produtores de uva. Petrolina, aliás, tem a maior safra da cultura em todo o Brasil.
Após algumas décadas de trabalho, parte das terras áridas da região passou a ser utilizada para extensos cultivos de parreiras. Além dos gaúchos, a viabilização do plantio tornou-se possível graças ao trabalho dos técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Com o desenvolvimento das técnicas certas, o que antes era adversidade se tornou vantagem, conforme explicou Ricardo Henriques, enólogo da Global Wine, uma vinícola portuguesa que está aproveitando todo o potencial local.
Segundo o especialista, a região tem solo árido e pobre em nutrientes. Além disso, há poucas chuvas. Contudo, a fertilização da terra permite que os agricultores controlem a oferta de nutrientes nos níveis mais adequados para a produção — sem excessos. O mesmo ocorre com a água, que, se não vem dos céus, chega por meio de irrigação abastecida pelo rio, permitindo um uso preciso. Como resultado, a colheita ocorre em todos os meses — e uma mesma área gera duas safras por ano, um caso único no mundo.
Vinícolas do São Francisco
A Global Wine é uma das nove empresas que decidiram apostar na produção de vinhos às margens do Rio São Francisco. A lista de vinícolas conta com outro nome de peso: a Miolo — com origem no Rio Grande do Sul, é uma das marcas mais tradicionais da bebida no Brasil.
Em conjunto, as vinícolas do Vale do Rio São Francisco produzem cerca de 10 milhões de litros de vinho por ano. Esse volume representa o segundo maior do país e corresponde a 15% de toda a produção nacional.