A tragédia que abateu o litoral paulista completou três meses. A reportagem de Oeste esteve em São Sebastião, cidade mais afetada pelas chuvas, para entender como os moradores se recuperam do trauma. Alguns continuam em hotéis e pousadas, à espera de uma casa. Outros decidiram instalar as residências à beira do morro. As cenas descritas abaixo dão o panorama atual do município.
“O caminho para o inferno começa na Rua Ricardo Queiroz”, escreve Dagomir Marquezi, em reportagem publicada na Edição 162 da Revista Oeste. “Ela leva ao lugar mais atingido pela catástrofe de 19 de fevereiro deste ano norte de São Paulo: ao coração da Vila Sahy, onde estava a maioria dos 64 mortos — 23 crianças e 41 adultos.”
Lá embaixo, perto da SP-55 (que liga Santos ao Rio de Janeiro), nada parece fora de ordem. O Instituto Verdescola, que serviu como primeiro refúgio aos desabrigados, voltou à normalidade. A Pizzaria e Adega Império, na Rua Um, atende a partir das 18 horas. O comércio funciona normalmente — a Perfumaria Salão Linda e Bela, a Loja de presentes Arco-Íris, o Mercado Altas Horas, a Casa de Carnes Santa Fé, o Mercado Andrade, o Bar do Tárcio. As pessoas se cumprimentam, sorrindo no dia de sol”.
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Aí a rua se transforma numa ladeira íngreme e toda esperança fica para trás. No alto da ladeira, junto à Serra do Mar, casas foram cortadas pela metade, a lama foi revirada como se a lei da gravidade tivesse sido temporariamente suspensa.
Canos surgem do nada, paredes desmoronadas escancaram salas onde a lama se mistura com sofás e TVs. Um carro parece ter sido retorcido por uma força sobrenatural e jogado como um pano de chão sobre o entulho. Um tronco desafia a lógica, espetado horizontalmente no que já foi uma garagem. Sua outra extremidade pousa sobre tapetes, muros, um forno de micro-ondas, colchões, cestas que já guardaram mantimentos, pisos fragmentados, mangueiras rompidas, garrafas PET, raízes soltas num mar de lama sem fim.
Ensaio para nova tragédia?
No alto da Rua Ricardo Queiroz urbanidade e natureza se misturam caoticamente, numa estranha feiura, um mundo implodido de pernas para o ar. A intervenção humana é representada por caminhões da Sabesp trabalhando para restabelecer as redes de água e esgoto. Numa das casas, de paredes fragmentadas, e barro por todos os cantos, a luz da sala permanece acesa. É um toque sinistro para tentar afastar possíveis saqueadores. O fantasma de uma vida que acabou.
Ao redor desse panorama vemos casas de dois, três andares sendo construídas à beira do morro, esperando a próxima catástrofe. Os tijolos ainda são aparentes e sugerem terraços para churrasquinhos em encontros familiares.
“Essas cinco casas são minhas”, diz Osiel, que não quis revelar o sobrenome, apontando para as últimas construções mais altas da rua, todas destruídas. “Fui até o Ministério Público, fui na prefeitura, e eles não me indenizam pelo que aconteceu às minhas casas. Eu pago o IPTU, mas eles dizem que esse imposto só vale para ter direito à limpeza e à rede de esgoto.”
Mas não é proibido construir na encosta do morro, na franja da Mata Atlântica? “Eu comprei o terreno, sem escritura”, conta Osiel. “Me deixaram construir em área de risco. Me cobram R$ 1,5 mil por ano de IPTU. E eu não tenho direito a nada? Se eu não tenho direito a nada, não deviam ter me deixado construir. Cobraram por uma propriedade que não é legal. Não deveriam ter cobrado. Foi o que o Ministério Público me disse. E existe a chance de ganhar essa causa.”
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Está aí Engº Tarcísio de Freitas, eu acho que V.Sª tem muito que conhecer dos seus governados, vai continuar enxugando gelo com esses cretinos? Ano que vem tem mais. É como 2+2=4 V.Sª que é engenheiro, deve conhecer bem essa simples conta.
De quem comprou o terreno? Como construiu sem planta aprovada na prefeitura? O que fez a prefeitura que não fiscalizou? Como cobrou IPTU sem planta aprovada?
…ou seja, é tudo ilegal, “mas minha vida e da minha família não vale nada mesmo”. O cara paga 1 e muitos reais de imposto e não pode comprar um terreno numa área melhorzinha???
E a prefeitura, continua no mesmo barco do seu presidente? …. vai vendo….
Inacreditável… Brasil.
então o cara tem 5 casas em um lugar onde não deveria haver construções e a prefeitura ainda cobra iptu do cara, ou seja a prefeitura legalizou a invasão. Acontece a tragédia e as autoridades acodem os desabrigados mas não tiram os invasores de lá porque ela legalizou a invasão ao cobrar o iptu, e os invasores também não querem sair de lá porque fazem gatos de tudo e moram mais perto dos sem trabalhos. Portanto vamos aguardar o próximo verão para ver o que vai acontecer.
O cara das 5 casas com certeza não mora numa delas.