Aos 45 anos, Peter Jordan é considerado um dos maiores youtubers de entretenimento do Brasil. Nascido em São Paulo e programador de formação, ele foi pioneiro no universo on-line ao criar o site Cifras.com, em 2003 — um dos maiores portais de música do país. Dez anos depois da estreia, o influenciador começou a criar canais no YouTube. Ao todo, suas quatro páginas principais na rede contam com mais de 20 milhões de inscritos.
Em 2013, Jordan criou o canal Ei Nerd, voltado para conteúdo de entretenimento (mais de 12 milhões de inscritos). Dois anos depois, foi a vez de uma página de curiosidades, a Acredite ou Não (quase 3 milhões de inscritos). Em 2017, o influenciador criou um canal para falar de assuntos pessoais e dos bastidores de outras páginas, o Peter Aqui (mais de 3 milhões). Há dois anos, a Nerds de Negócios aborda assuntos financeiros (com quase 2 milhões de inscritos).
A seguir, os principais trechos da entrevista.
1 — Por que você escolheu trabalhar com produção de conteúdo na internet?
Sempre quis trabalhar de casa, para ficar perto da minha família. No último trabalho fixo, como programador, passava muito tempo na estrada. Mas, mesmo com essa mudança, o foco do trabalho não mudou muito, porque continuei trabalhando com audiência. Na minha carreira inicial, trabalhava com sites que eram apresentados para os funcionários da empresa. Depois, quando virei empreendedor e fiz o site Cifras.com, recebia o feedback dos usuários.
2 — Você já sofreu algum tipo de censura de conteúdo por parte do YouTube?
Já tomei alguns strikes no YouTube [punições pelo não cumprimento de políticas internas da marca] por direitos autorais. As denúncias que causaram os strikes foram feitas pelas empresas da plataforma de vídeo. Uma vez recebi uma punição do próprio YouTube por mostrar um vídeo de um menino batendo no outro e comentar no canal Peter Aqui.
3 — Como é produzir conteúdo em tempos politicamente corretos?
Sou de uma geração politicamente incorreta. Quando comecei no YouTube, os vídeos eram politicamente incorretos e não ligava. Quando fui crescendo com a audiência, tive dificuldade para entender o feedback e saber onde estava errando. Agradeço até aos haters, porque, por pior que eles sejam, fazem parte da audiência que guia os influenciadores. Mas em um universo nerd totalmente politizado, as coisas estão muito radicais. Por exemplo, não acho correto no Ei Nerd eu falar que não gostei do filme com uma determinada mulher e ser rechaçado nas redes sociais. A audiência tem de crescer junto com o criador de conteúdo e hoje a audiência está extremista demais.
4 — O que o canal Ei Nerd tem de diferente dos outros canais sobre o mesmo tema?
Ele é diferente porque foi pensado desde o início como canal para ser diversificado e, assim, agradar ao inscrito que gosta de cinema, animes e super-herói ao mesmo tempo. Por exemplo, uma vez fiz um vídeo bem específico sobre anime, não chamei a atenção de quem gosta de filme, mas consegui a audiência de um público que estava carente de conteúdo. Apesar de falar sobre diversos temas pró e contra, o saldo tem sido positivo. Todos os dias tenho entre 1,5 milhão e 2 milhões de views nos vídeos.
5 — Apesar de ter sido criado por último, o Nerds de Negócios cresceu bem mais rápido que seus outros canais. A que você atribui esse crescimento ?
Acredito que foi a curiosidade dos fãs, aqueles que me acompanhavam havia alguns anos. Eles queriam ver o outro lado do youtuber. Além disso, a página faz sucesso porque faço conteúdos fáceis de entender. Sempre foco em falar para o povão, com quem quer entender determinados assuntos, mas não encontra isso em outros canais. Além disso, o que me ajuda é que entendo o funcionamento da plataforma e sei como fazer qualquer canal crescer.
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Somos da geração CORRETA que era politicamente incorreta. A gente podia contestar tudo, tirar sarro de tudo (começando por nós mesmos). Hoje, criticar a decisão de um juiz, ministro, senador pode levar um simples cidadão à cadeia, sem processo, sem defesa. Sinistro!
Pq não te calas Peter? Todos nós sabemos que vc aderiu ao papinho da isentolândia, só pensa em dinheiro e não quer perder audiência nem da esquerda e nem da direita!
Muito boa a entrevista. Parabéns.