Ensino distância à distância

Em atenção aos leitores da Revista OESTE, eis esclarecimento adicional sobre a desejável crase em "ensino à distância"

A Oeste depende dos assinantes. Assine!

-Publicidade-
Sala de aula
Sala de aula | Foto: Divulgação/Agência Brasil

Deonísio da Silva*

Como sou mais jardineiro do que botânico das palavras, trago o adendo sumário do professor Cláudio Moreno, também doutor em Letras, que me ajudou a implantar a disciplina Português, ministrada à distância para todos os cursos da Estácio de Sá, então maior universidade brasileira, que nos encarregara da tarefa. Hoje, a expressão “ensino a distância”, sem crase, equivale à tentativa de outrora de impor “presidenta” em vez de “presidente” no governo de Dilma Rousseff. “Por que o simples se o complicado também serve?” parecia ser o lema de seu governo. Era preferível “a presidente”, mas também certos animais marcam o território com recursos pouco recomendáveis.

Leia também: Educação à distância tem crase? Tem

-Publicidade-

Diz Cláudio Moreno: “Hoje a maioria dos gramáticos aceita a hipótese de usarmos acento grave numa série de expressões com palavra feminina em que o A é simples preposição, isto é, sem que ocorra ali um encontro de dois As. Há casos em que isso tem a clara intenção de desambiguizar a expressão, evitando que a preposição possa vir a ser lida como artigo, o que alteraria o significado: vender à vista (compara com vender a prazo: só a preposição está presente); bater à máquina; fechar à chave; apanhar à mão; pescar à rede; estudar à noite. Em muitos outros, contudo, mesmo sem a possibilidade de leitura ambígua, já ficou tradicional esse acento sobre a preposição: à direita, à esquerda, à força, etc. Como Celso Luft conclui: “A tendência da língua é acentuar o A inicial das locuções femininas (adverbiais, prepositivas e conjuntivas), mesmo quando não é crase”.

Quanto à locução à distância, tanto o Grande Manual de Ortografia Globo (Luft), quanto o Houaiss e o Aurélio indicam, expressamente, a dupla possibilidade de grafia”.

Quem quiser saber mais, visite o portal www.sualingua.com.br

*Deonísio da Silva mantém a coluna semanal Sem Papas na Língua na rede BandNews FM. Doutor em Letras pela USP, é professor e escritor. Seus livros mais recentes são De Onde Vêm as Palavras (18ª edição), A Vida Íntima das Frases e Balada por Anita Garibaldi, todos recentemente reeditados e publicados pelo Grupo Editorial Almedina no Brasil e em Portugal.

-Publicidade-
* O espaço para comentários é destinado ao debate saudável de ideias. Não serão aceitas postagens com expressões inapropriadas ou agressões pessoais.

1 comentário Ver comentários

  1. Entendo que a expressão “a distância” só leva o acento grave quando acompanhada de um termo determinante. Ex:
    – Estudava o livro a distância.
    – Estudava o livro à distância da sala de aula.

    Não tenho pretensões, apenas tentando ampliar o pouco que conheço do tema.

    Obrigado ao autor pela possibilidade de diálogo sobre o assunto.

Envie um comentário

Conteúdo exclusivo para assinantes.

Seja nosso assinante!
Tenha acesso ilimitado a todo conteúdo por apenas R$ 23,90 mensais.

Revista OESTE, a primeira plataforma de conteúdo cem por cento
comprometida com a defesa do capitalismo e do livre mercado.

Meios de pagamento
Site seguro
Seja nosso assinante!

Reportagens e artigos exclusivos produzidos pela melhor equipe de jornalistas do Brasil.