Jesse Koz, influenciador catarinense, ficou conhecido por viajar o mundo com seu cachorro Shurastey, um golden retriever, em um Fusca 1978. O jovem compartilhava toda jornada do projeto “Shurastey or Shuraigow”, ou “Devo Ficar ou Devo Ir”, nas redes sociais. O nome é em homenagem à música com o mesmo título, de autoria da banda The Clash.
Koz iniciou a jornada em 2017, mas a pandemia de coronavírus atrapalhou os seus planos por um tempo. O influenciador criou um perfil no Instagram, em que detalhava toda a sua jornada até chegar ao destino desejado: o Alasca. A dupla chegaria ao Estado norte-americano em setembro de 2022.
O jovem passou por 17 países e percorreu 85 mil quilômetros (km). Nas redes sociais, o influenciador acumulava cerca de 450 mil seguidores. Já o perfil “Shurastey”, em que ele relatava tudo sobre as viagens, possui mais de 1,3 milhão de fãs. O lema de Koz era “Ou se morre como herói, ou vive-se o bastante para se tornar o vilão”.
Infelizmente, o desfecho da aventura de Koz e seu cachorro foi trágico. Ambos morreram em um acidente de trânsito no Oregon, nos EUA. O acidente ocorreu na segunda-feira 23 e foi confirmado pela família no dia seguinte.
De acordo com o portal People, o influenciador teria tentado desviar de um engarrafamento no trânsito quando perdeu o controle do veículo. O carro foi parar na outra pista e bateu em outro veículo que estava na direção contrária. Segundo a Polícia Estadual de Oregon, Eileen Huss, motorista do outro veículo, ficou ferida e está no hospital.
Os corpos de Koz e Shurastey serão cremados nos EUA. Nas redes sociais, seguidores e familiares criaram uma vaquinha, na quinta-feira 25, para trazer as cinzas dos companheiros para Santa Catarina. Em algumas horas, o valor total de R$ 120 mil foi atingido.
Felipe Pires, amigo de Koz, informou ao portal G1 que as cinzas dos corpos devem chegar ao Brasil entre 20 e 30 dias. A espera é por conta das documentações do influenciador. O governo de Santa Catarina e o Ministério das Relações Exteriores estão ajudando no processo de trazer as cinzas para o Brasil.
“Koz e Shurastey eram inseparáveis”, disse Pires. “Antes de iniciar a viagem, ele já tinha o cachorro e nunca passou pela cabeça dele abandonar o companheiro de estimação.”
Nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro lamentou a morte do influenciador. “Impossível não se comover com a perda do garoto Jesse Koz e de seu cão Shurastey”, escreveu o presidente. “Nem sempre entendemos os percursos de nossas jornadas, mas o destino de todos nós é um só: o nosso Deus.”
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História de dois heróis
Antes de ser viajante, Jesse Koz trabalhava entre oito e dez horas por dia em um shopping em Balneário Camboriú. O jovem queria viver novas emoções, algo que fizesse o coração vibrar. Por isso, inspirou-se em um grupo de mochileiros do Facebook e resolveu arriscar.
Koz não tinha dinheiro guardado, então se demitiu do emprego e vendeu tudo o que tinha: micro-ondas, TV e até mesmo o Xbox One — a única diversão que ele tinha até o momento. Em três meses, ele organizou tudo e partiu rumo à Argentina, destino inicial.
Koz chegou à cidade de Ushuaia, na Argentina, em 15 de junho de 2017. Foram 7 mil km rodados e grandes emoções. O jovem ficou no país durante 20 dias, na casa de outro mochileiro, que o apresentou a um projeto de um aventureiro que chegou de Kombi ao Alaska. Foi nesse momento que ele decidiu o próximo destino.
O influenciador retornou ao Brasil com apenas R$ 300 na carteira e 35 mil seguidores no Instagram — nesse meio tempo, ele compartilhava tudo nas redes sociais. Ele viu uma grande oportunidade de fazer dinheiro com as redes, visto que os seguidores adoravam acompanhar toda a jornada dele com seu fiel companheiro.
Koz começou a fazer encontros nas cidades de todo o país e aproveitava para vender adesivos, bonés, canecas e camisetas do projeto de viajem. Todo o valor seria para os mantimentos usados na jornada. A partir daí, Koz partiu para o destino final: Alasca.
Fazia muito tempo que algo não me comovia tanto … eu nem conhecia eles, mas o sentimento é de alguém muito próximo ter partido. É difícil ou impossível compreender os propósitos divinos …