“A rua não é lugar para nenhum ser humano viver, mas foi o único que me acolheu”, desabafou numa entrevista o pedreiro José Carlos Corrêa, de 54 anos, refletindo o drama de quem viu o trabalho evaporar durante a fase mais aguda da pandemia. José Carlos, sem ter como pagar o aluguel de R$ 300 da quitinete onde morava, passou a perambular pelas ruas e depender da solidariedade para sobreviver. O cenário se repete em inúmeras cidades brasileiras, sobretudo nas capitais: são centenas de barracas, enfileiradas em largas avenidas, debaixo de marquises, túneis, viadutos. Famílias inteiras, com crianças, estão vivendo nas ruas.
A população em situação de rua no Brasil não apenas cresceu em ritmo avassalador com a crise econômica e social do país em meio à pandemia, nos últimos dois anos, mas também mudou drasticamente de perfil. As mulheres, e consequentemente crianças, passaram a ser um contingente bastante expressivo dessa população. O dado oficial mais recente em termos de país foi divulgado em março de 2020 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea): mais de 220 mil brasileiros viviam nas ruas naquele ano. Mas há projeções que mostram que esse número cresceu para meio milhão de brasileiros, especialmente por falta de condições financeiras para pagar moradia.
Especialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, um terço dessa população está na rua a partir da covid-19. São trabalhadores que já estavam em situação precária e que, com a crise sanitária, econômica e social ampla, perderam a sua rede de proteção social. Eles passaram a não ter outro recurso a não ser a rua. São ex-garçons, ex-carregadores, entre outras profissões, que perderam o trabalho. Sem condições de pagar aluguel, foram com a família toda para a rua. Na capital paulista, por exemplo, onde se tem um censo mais recente (janeiro deste ano), o contingente de pessoas vivendo em situação de rua aumentou mais de 30% em dois anos.
O curioso é que mais de 90% das pessoas que vivem em situação de rua na cidade de São Paulo frequentaram escola, sendo que quase 95% sabem ler e escrever, 4,5% concluíram o ensino superior, 22% têm ensino médio completo e 15% concluíram o ensino fundamental. É claro que muitas acabaram nessa condição por causa de conflitos familiares ou dependência de álcool e drogas, mas muitas delas foram para a rua por causa da perda de renda.
Perder o emprego já é um duro golpe na vida das pessoas. Há casais que se separam por causa da escassez de recursos, há famílias inteiras que ficam disfuncionais em virtude da queda na renda do (a) chefe mantenedor (a). Mas imagine uma situação em que a perda do emprego signifique que você vai ter de abrir mão do teto onde mora para encarar o frio da calçada e a mendicância. E que a sua família inteira também terá que passar por isso junto. Esse foi um roteiro repetido à exaustão durante o período mais complicado da crise do novo coronavírus.
Uma notícia publicada na semana passada, contudo, pode ser um indicativo de que essa realidade começou a mudar. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, que mostra a situação dos empregos formais e informais no Brasil, constatou que o desemprego caiu no país para pouco mais de 11% no trimestre encerrado em janeiro, menor taxa para o período desde 2016. A pesquisa também mostrou que 95 milhões de pessoas estavam ocupadas, alta de quase 2%. Já o nível da ocupação (porcentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) foi estimado em 55%, quase 1 ponto porcentual frente ao trimestre anterior.
Esse crescimento é bom para toda a população. Faz-se importante ressaltar o quanto essa retomada é importante para a pessoa que acabou indo para a rua em razão da peculiaridade da situação em que ela se encontra. Eu, que dediquei grande parte da minha vida para resgatar pessoas em situação de rua, sei que quanto mais tempo uma pessoa vive nessa condição, mais complexa será sua reinserção na sociedade.
Esse novo contingente de pessoas que está agora nas ruas tem características mais conectadas com o que é ofertado pelas atuais políticas públicas e sociais: aproxima-se mais rapidamente de abrigos, está mais aberta a receber uma abordagem social e também consegue se integrar mais facilmente a uma rotina de trabalho quando consegue um emprego. Isso não quer dizer que temos de esquecer as pessoas que estão no relento faz tempo. A questão crucial é que as pessoas que vivem há décadas nas ruas criam estratégias de sobrevivência e se organizam de diferentes maneiras fora do sistema formal. Daí a maior complexidade de resgatá-las.
O cientista político Wanderley Guilherme dos Santos cunhou a frase: “A carteira de trabalho é uma certidão de nascimento cívico”. E o número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado no Brasil foi de quase 35 milhões de pessoas no trimestre encerrado em janeiro. A alta, de 2% contra o período anterior, representa cerca de 700 mil pessoas com empregos formais. Quero crer que essa alavancagem está contribuindo para tirar famílias do sofrimento que é ter que viver nas ruas.
Leia também: “Pobre São Paulo”, reportagem publicada na Edição 91 da Revista Oeste
*Filipe Sabará é empresário, filantropo, palestrante e gestor do braço social do Fundo Arcah Multimercado. É fundador da ARCAH, Associação de Resgate à Cidadania por Amor à Humanidade, uma instituição sem fins lucrativos que promove o desenvolvimento social de pessoas em situação de vulnerabilidade por meio de diferentes ações e projetos, com o intuito de ressignificar a vida de pessoas.
NOVAMENTE a APOLOGIA dos NÓIAS!!
Todo mundo sabe…é só andar pelas ruas do centro… e vocês vão ver se tem “familias inteiras nas ruas”….MENTIRA!
Filipe…Sabará! PÁRA de mentir…. você faz uma mal sem tamanho para as cidades que tem esses nóias… roubando fios, jogando e revirando lixos nas ruas…assaltando, dando uma de locos, cagando mijando…enfim…infernizando toda uma população trabalhadora.
CHEGA!!!
A mudança de perfil é clara; mendigo anda comendo saradinha de academia, que país maravilhoso estamos vivenciando no governo Bolsonaro.
Está bem na hora de entenderem que quem mora na rua o faz por uma escolha consciente.
35 anos atrás eu já sabia que com o conhecimento que eu tinha jamais passaria fome ou frio.
Com certexa tem Robô da esquerda postando por aqui. N se deve dar atenção ao que o ROBÔ escreve pois ele é programado, n pensa e n tem neurônio.
e o fique em casa ?quantos empregos foram perdidos?
Êste jose Roberto Lima deve ter algum problema por escrever tanta besteira e ofensa. Digo à êle que aceite a sugestão do LUCIO FLAVIO GONÇALVES e leve para sua casa e acolha pelo menos um morador de rua, para ver quanto tempo aguentará , depois disto, fale da experiência !!!!!!!!!!!
Eu discordo, não acho que foi a pandemia o maior responsável por essa calamidade no país, porque vcs protegem tanto o golpe, lava-jato, eleição de um desgraçado como esse assassino, foi de lá para cá que ficou assim, sejam transparentes, não arrumem subterfúgios para enganar os ignorantes brasileiros. Só não esqueçam que são muitos, mais não são todos
Malditos filho de satanás! Que pessoa baixa e podre tu és!
“O trabalho dignifica o homem”
VOU EXPLICAR UMA COISA PARA VOCÊS, ELES QUEREM ISTO, QUEREM VIVER NA RUA, PEGUEM ELES, LAVEM, BOTEM ROUPA LIMPA, PONHAM NUMA CASA E ELES VÃO FUGIR
tbm acho…ha trabalhos de.igrejas,tenho amigos que levam comida,roupas,carinho…é uma faca de dois gumes.poucos são recuperados,pois,a maioria tah acostumada na vida sem responsabilidades.
Ué e quando os Petralhas deixaram o Poder com um Pais Quebrado , Infração em Altar e Mais de 15 Milhões de Desempregados. Não tinha Ninguém Morando nas Ruas.
não fale isso…José Roberto lima não tah preparado para ouvir isso,ele é um frustrado que devia levar alguma vantagem com os ladrões que estavam.no poder…ele tem depressão e tem tbm uma tara pelo Capitão.poupe.o.kk