País fechou janeiro e fevereiro com saldo de admissões; com a pandemia da covid-19, a situação se inverteu
O mercado de trabalho no Brasil ia bem. O verbo no passado se deve ao ocorrido entre março e abril. Nos dois meses, o país registrou mais demissões do que admissões por carteira assinada, conforme registra apresentação divulgada hoje pelo Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Os números, que contrastam com a pandemia do novo coronavírus, vão na contramão do que foi realizado em janeiro e fevereiro. No primeiro bimestre de 2020, o saldo de contratações foi positivo.
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A saber, o saldo de janeiro de 2020 foi duplamente positivo no quesito abertura de postos formais de trabalho. Isso porque na comparação com o volume de demissões, o número positivo ficou em 113.555. Em relação ao mesmo período de 2019, o crescimento do indicador foi de 104.160.
Em fevereiro, o Brasil seguiu avançando. Mais admissões do que demissões. A diferença entre as duas ações relacionadas ao ambiente corporativo ficou em 224.818. No comparativo somente de contratações com o segundo mês de 2019, novamente a palavra saldo se faz necessária. É que, nesse sentido, foram quase 50 mil postos de trabalho a mais.
Pandemia e inversão da situação
A situação animadora para os trabalhadores não se manteve no decorrer do restante do quadrimestre. Período, aliás, impactado pela pandemia do novo coronavírus no Brasil. Em meio a regras de confinamento, como por exemplo o que vem sendo imposto no Estado de São Paulo, o país viu o mercado de trabalho se fechar. Nesse sentido, as demissões passaram a superar as contratações.
Em março, o déficit ficou em 240.702 postos de trabalho. Isso porque foram registrados em todo o país 1.626.828 demissões contra 1.386.126 admissões. O mês de março tinha fechado 2019 com número não positivo também. Ano passado, o período teve saldo negativo de 42.182, de acordo com dados divulgados pelo Caged.
Apesar da queda em março, os números relacionados a emprego despencaram mesmo em abril. Conforme registrou Oeste, 860.503 postos de trabalho foram fechados somente no último mês. O volume de demissões ficou na casa de 1.459.099. Por outro lado, o de admissões formais ficou abaixo de 600 mil: apenas 598.596 campos foram abertos.
“De janeiro a abril de 2020, houve 4.999.981 admissões e 5.763.213 demissões no país, com resultado de -763.232. No primeiro quadrimestre de 2019, o Caged registrou 5.529.457 admissões e 5.215.622 demissões, com um saldo positivo de 313.835. Ou seja, as admissões caíram 9,6% e as demissões subiram 10,5% no intervalo de um ano”, informa a equipe de comunicação do Caged, demonstrando, assim, que os últimos dois meses fizeram com que o começo de ano animador para o mercado de trabalho fosse interrompido no Brasil.
Com a retomada, alguns setores se recuperam; outros, estão irremediavelmente comprometidos. Exemplo: quem ia comprar uma geladeira, poderá fazê-lo agora; quem almoçava fora de casa, não conseguirá comer as refeições não feitas.