Durante a passagem da frente fria, o fenômeno conhecido como chuva preta voltou a atingir o Rio Grande do Sul, conforme já havia previsto a MetSul. A fuligem de queimadas da Floresta Amazônica presente na atmosfera com a fumaça impactou a precipitação do fenômeno climático entre quarta-feira 4 e quinta-feira 5. Para comprovar a ocorrência, a empresa de meteorologia decidiu realizar uma experiência simples e doméstica.
“Colocamos um recipiente tão simples como uma tigela de vidro sobre o muro de casa pouco antes do começo da instabilidade, que estava limpo e livre de impurezas, para coletar a chuva”, afirmou a empresa. “Na quinta-feira, recolhemos a tigela. O que encontramos? Havia fuligem preta (como carvão) na água da chuva que caiu em Porto Alegre, resultado da queima de biomassa com os incêndios na Bolívia e Amazônia.”
Ainda na quinta-feira, com o ingresso de ar seco e frio de alta pressão, a nebulosidade diminuiu. Com a mudança do vento para sul, a fumaça deixou o Estado gaúcho, temporariamente.
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Nesta sexta-feira, 6, a fumaça de queimadas cobriu grande parte do Brasil. Com exceção de áreas do Nordeste e mais ao Sul, uma enorme área do país ficou coberta, com pior cenário para as regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste.
No entanto, a MetSul já alerta para a volta da fumaça das queimadas aos três Estados do Sul neste fim de semana, após uma melhora temporária da qualidade do ar que afastou a fuligem para a área central do país.
“Neste fim de semana, espera-se a presença de fumaça de queimadas no Norte, no Centro-Oeste, no Sudeste e no Sul do Brasil com a maior densidade do material particulado sobre a Região Norte, em particular em Rondônia e no Sul do Amazonas”, alerta a empresa de meteorologia.
O que é a chuva preta?
Soot — ou fuligem — é um material particulado constituído principalmente de carbono, que se forma como resultado da combustão incompleta de materiais orgânicos, como combustíveis fósseis (carvão, petróleo) e biomassa (madeira, resíduos agrícolas), de acordo com a MetSul.
“Quando esses materiais não queimam completamente, em vez de se transformarem inteiramente em dióxido de carbono (CO2) e vapor de água, eles produzem partículas finas de carbono negro e outros compostos”, explica a empresa. “Essas partículas são extremamente pequenas, com diâmetros na escala de nanômetros a micrômetros, o que lhes permite permanecer suspensas no ar por longos períodos e viajar grandes distâncias.”
De acordo com a MetSul, a fuligem e a chuva preta estão intimamente relacionadas. “A chuva preta é um fenômeno que ocorre quando a fuligem e outras partículas contaminantes presentes na atmosfera se misturam com a umidade e precipitam sob a forma de chuva.”
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Trata-se de chuva contaminada com poluentes, que ao cair no solo pode afetar corpos d’água, solos e vegetação. “A chuva preta tem impactos visíveis no ambiente urbano”, prossegue a empresa de meteorologia. “Ela pode deixar uma camada de sujeira nas superfícies, como prédios, veículos e infraestrutura, o que pode levar à degradação dos materiais e aumentar os custos de manutenção.”
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Revista Oeste, com informações da Agência Estado