A pequena cidade de Pacaraima, em Roraima, na fronteira com a Venezuela, enfrenta filas em supermercados e postos de combustíveis devido à crise pós-eleitoral no país vizinho. O prefeito Juliano Torquato relatou ao canal CNN que teme um retorno ao fluxo migratório de 2019, quando cerca de 1,3 mil venezuelanos atravessavam a fronteira diariamente.
A movimentação intensa começou na quarta-feira passada, 24, depois de os venezuelanos serem informados sobre o fechamento da fronteira durante as eleições.
A situação se agravou na segunda-feira 29, quando a fronteira foi aberta às 6h e fechada novamente às 7h, reabrindo apenas às 10h. Esse abre e fecha aumentou o fluxo de venezuelanos, em meio a protestos e incertezas sobre o futuro do país.
“Os venezuelanos estão preocupados, porque podem voltar a fechar a fronteira a qualquer momento por conta dos protestos no centro do país”, relatou o prefeito. “O que a gente percebe é um fluxo maior de pessoas comprando produtos de gêneros alimentícios e combustíveis para armazenar.”
Pacaraima, com 19,3 mil habitantes, possui apenas dois postos de combustíveis e alguns mercados, que foram tomados por filas na última segunda-feira. “A gente tem percebido filas desde quarta-feira da semana passada, quando as pessoas foram avisadas de que a fronteira seria fechada”, acrescentou.
“Filas nos dois postos de combustíveis da cidade e também nos supermercados”, disse Torquato. “Eles compram macarrão, arroz, proteína, frango, calabresa… São os alimentos da cesta básica.”
Histórico de tensões na fronteira com a Venezuela
A cidade já enfrentou tensões semelhantes antes. Pacaraima abriga um grupamento do Exército devido à Operação Acolhida, que recebe refugiados do regime de Maduro. Depois de uma eleição contestada em 2018, a crise na Venezuela se intensificou, levando a um aumento significativo no fluxo migratório em 2019.
“A preocupação nossa é o retorno do fluxo de 2019, que chegou a 1,3 mil pessoas por dia passando a fronteira”, afirmou o prefeito. “A gente já teve meses com 30 mil venezuelanos entrando no Brasil por Pacaraima. Essa é a forma mais tranquila para eles saírem do país por fronteira terrestre.”
Nos últimos seis meses, a média diária foi de cerca de 350 pessoas. “Algumas permanecem, outras seguem viagem e solicitam refúgio”, relatou. “Pacaraima tem uma estrutura para 2,5 mil pessoas abrigadas e já estamos 100% lotados.”
Resultados eleitorais contestados
Depois das eleições, Maduro e a oposição se acusam mutuamente. A Comissão Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, controlada pelo regime chavista, anunciou a “vitória” de Maduro, com 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que González venceu, com 73%.
Países com governos de esquerda e alinhados a Maduro, como o Brasil, solicitam detalhamento dos resultados por região antes de validar o comunicado oficial.
O país também enfrenta uma onda de protestos desencadeada pela “vitória” do ditador. Ao longo da noite desta quarta-feira, 29, manifestantes foram às ruas e derrubaram estátuas de Hugo Chávez, pai do regime ditatorial no país.
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