Apesar do insistente falso alarde de alguns, até o momento houve no bioma Amazônia uma redução de 15% nas queimadas em 2020
Evaristo de Miranda*
O monitoramento por satélite de referência da Nasa (FIRMS-Aqua M-T) das queimadas e fogos ativos, de 1º de janeiro a 16 de agosto deste ano, registrou no Brasil um total de 63.616 pontos de calor. Com relação ao mesmo período de 2019, houve no Brasil uma redução de 2%.
Nos países vizinhos, ocorreu forte crescimento das queimadas nesse período, principalmente na Argentina (230%) e no Paraguai (109%). No Brasil, a única região com um crescimento análogo foi o Pantanal: 233%. Foram 7.339 focos neste ano, contra 2.200 no mesmo período de 2019. Tanto nos países citados como no Pantanal, esse crescimento deve-se a um fenômeno climático esporádico (essencialmente a falta de chuvas no início do ano).
No Pantanal, muitas queimadas transformaram-se em incêndios. A vegetação aberta e caducifólia da região, em que predominam gramíneas e arbustos, facilita a ocorrência e a propagação dos incêndios, ainda mais com ventos e altas temperaturas. No Pantanal, incêndios são provocados por raios e por ações criminosas ou de negligência (fogueiras de acampamentos, uso de fumaça para extrair mel, pontas de cigarro em estradas etc.). Raios com frequência provocam incêndios em locais como a Serra do Amolar. O bioma registra, em Mato Grosso do Sul, até 10 raios por quilômetro quadrado por ano, enquanto a média mundial é de 1 a 2 raios por quilômetro quadrado por ano. A chegada das chuvas tende a encerrar esse ciclo de fogo.
Mato Grosso apresenta 0% de variação nas queimadas com relação a 2019. O Estado registrou até agora 13.225 queimadas, incluindo as de parte do Pantanal. O número é quase igual ao do ano passado: 13.238.
Apesar do insistente falso alarde de alguns, até o momento houve no bioma Amazônia uma redução de 15% nas queimadas: 29.710 em 2020 contra 35.145 no mesmo período em 2019. O bioma caatinga também apresenta uma redução de 24% das queimadas com relação ao ano passado e o bioma cerrado, de 11%.
*Evaristo de Miranda, doutor em ecologia e chefe-geral da Embrapa Territorial (Campinas)
Leia também a entrevista com Evaristo de Miranda: “O produtor rural é quem mais preserva o meio ambiente”
Muito preciso o seu artigo! Parabéns e mantenha uma coluna para informar sobre outros aspectos relevantes de nosso meio ambiente.
Nada como a verdade. Desmonta toda narrativa produzida sem base em números.
Narrativa esquerdista, na qual quando pior melhor!