Comemorado no Estado de São Paulo, o feriado de 9 de Julho relembra a Revolução Constitucionalista de 1932, que tentou derrubar o então presidente, Getúlio Vargas.
O objetivo do levante dos Estados de São Paulo, Mato Grosso e Rio Grande do Sul era marchar até o Rio de Janeiro, então capital do Brasil, para depor Getúlio Vargas e elaborar uma nova Constituição.
- “O cavalo constitucionalista”, artigo de Evaristo de Miranda publicada na Edição 69 da Revista Oeste
Alguns confrontos entre o Exército e as tropas armadas ocorreram no trajeto até o Rio, mas a maior parte da batalha se deu no Estado de São Paulo, que liderava o movimento.
O Exército de Vargas organizou ataques ofensivos nos quatro cantos de São Paulo, principalmente no interior do Estado, com o objetivo de enfraquecer o líder do motim.
O conflito durou três meses, entre julho e outubro. As tropas revolucionárias, lideradas pelos paulistas, lutaram contra o governo federal. Acabaram derrotadas.
O dia virou uma das datas cívicas mais notáveis em São Paulo. Em 1997, o então presidente, Fernando Henrique Cardoso, definiu que a data mais importante para cada Estado fosse transformada em feriado civil.
Oeste conversou com Rodrigo Gutemberg, historiador da Sociedade Veteranos de 1932, sobre Revolução Constitucionalista. A seguir, os principais trechos da entrevista.
Qual o legado da Revolução Constitucionalista?
O legado da Revolução de 32 é cultural e social, haja vista que, no movimento constitucionalista, toda população participou irmanada e engajada em prol de um movimento que tinha como escopo a luta por um ideal de liberdade e democracia. Hoje, claro, demandamos valores como esses. Então, o que representa hoje para o país é realmente saber que, uma vez unido, o povo consegue conquistar os seus direitos. A voz do povo é a voz de Deus.
Apesar de a data ser importante, muitas pessoas não sabem desse fato histórico. Como o senhor avalia essa situação?
O déficit de conhecimento sobre a Revolução de 32 existe na população, por causa de diversas frentes de trabalho que não são feitas e fazem com que com o tempo vá apagando essas memórias. Não temos, por exemplo, esse assunto na grade curricular no Estado de São Paulo. E, naturalmente, nem em nível federal esse tema está encrustado. O assunto não é disseminado corretamente nem transmitido a todas as pessoas que passam pela escola pública. Não há esse incentivo, e a gente fica à mercê de professores que aqui ou acolá possam então falar sobre o tema.
O Obelisco do Ibirapuera é um dos principais símbolos da revolução. Quem passa em frente não imagina que há um prédio embaixo e uma torre acima. O que tem no local?
Ele é bem desconhecido por grande parte da população. Lá temos monumentos com obras de arte e o mausoléu com restos mortais. Tudo tem a ver com a Revolução Constitucionalista. As obras de arte são alusivas, e os restos mortais são participantes da Revolução de 32. Ele é aberto para visitas de terça a domingo, das 9 às 17 horas.
Qual a relação do 23 de Maio com o 9 de Julho?
O 23 de Maio, bem como diversas outras datas que antecedem a Revolução de 32, estão intimamente ligadas com o 9 de Julho. Isso ocorre principalmente por causa da participação dos movimentos populares e das lideranças políticas e militares que estão presentes em diversas datas. O 9 de Julho, digamos assim, é a eclosão do movimento de uma luta por um ideal que já se pleiteava em datas anteriores. O 23 de Maio pode ser considerado o estopim da Revolução de 32 por causa das mortes de Mário Martins de Almeida, Euclides Miragaia, Dráusio Marcondes de Sousa e Antônio Américo Camargo de Andrade. Houve diversos outros feridos naquela data, entre 23 e 24 de maio. Na época, esses personagens decidiram invadir a sede do Partido Popular Paulista, mas foram repelidos por quem estava lá dentro com tiros.
Há outra data histórica pouco comentada: 5 de julho de 1924. O que ocorreu naquela ocasião?
O 5 de Julho de 1924 tem muito a ver com o 5 de Julho de 1922. São dois movimentos liderados por militares, que se rebelaram em quartéis. Aqui em São Paulo, especificamente falando de 1924, militares da Força Pública e do Exército fizeram um conluio militar, se sublevaram em sua unidade e foram até o Palácio do Governo dos Campos Elíseos para derrubar o então governador, Carlos de Campos. Isso foi parcialmente conseguido. Eles não derrubaram, mas conseguiram fazer com que o governador se refugiasse em outra localidade. Acabaram dominando a cidade em 9 de julho de 1924. A Revolução de 1924 nada mais é do que um levante militar com a tentativa de derrubar o governador do Estado de São Paulo e o presidente do Brasil, Artur Bernardes. Isso fez com que uma guerra fosse deflagrada, e eles não tiveram êxito naquele momento. Depois, fugiram da cidade.
Getúlio, com suas ações anti-liberalistas e centralizadoras entrou em confronto direto com os estados de São Paulo (principalmente), Rio de Janeiro, Mato Grosso e Rio Grande do Sul que precisavam de um liberalismo econômico e social, visto seus desenvolvimentos industriais/agropecuária crescentes.
Não sei se ainda existe a rua MMDC, acho que no Butantã, em homenagem aos quatro estudantes mortos em 23 de maio e,na praça da Repúbica tbém tem uma placa em homenagem ao MMDC, gente de culhões que não existem mais no pais.
Tempo que os homens eram homens. Ideais eram valorizados, e não minados por emendas.