“A principal fonte do vírus na casa de alguém serão as pessoas que nela estão, e não as superfícies ou o ambiente físico”, afirma especialista
Nos Estados Unidos, alguns especialistas em transmissão do coronavírus acreditam que limpar as embalagens de alimentos que chegam em casa pode não ser a melhor estratégia para conter a doença. As pesquisas continuam indicando que o causador da covid-19 sobrevive nas superfícies que costumeiramente tocamos nos mais diversos ambientes, mas estes cientistas alegam que a quantidade de vírus que se mantém viva pode não ser suficiente para a propagação do agente e que o método mais eficiente para se manter sadio ainda é lavar as mãos.
Leia também: “Coronavírus: Espanha descarta vacinação obrigatória”
David Morens, conselheiro sênior do diretor do Instituto Nacional de Alergia e doenças infecciosas dos Estados Unidos, disse ao jornal The Washington Post que ele e seus colegas não dão tanta atenção a essa questão. “Pelo que sei, na vida real, cientistas como eu — um epidemiologista e um médico — e virologistas basicamente não se preocupam muito com essas coisas” relatou. “A quantidade de vírus que pode persistir pode não ser a quantidade de vírus que pode afetar você em um ambiente do mundo real.”
No entanto, Morens não nega que esse tipo transmissão exista, mas ele acredita que o risco é bem baixo. “É como ficar parado no meio de uma estrada movimentada com o tráfego a seu redor e perguntar: ‘Qual é a probabilidade de eu ser atingido por um meteoro?’ Agora há um risco, mas é muito baixo, e você não tem outras coisas melhores com que se preocupar?”, comparou.
O especialista entende que a melhor estratégia é seguir níveis de proteção para cada ambiente. O momento adequado para se preocupar com superfícies contaminadas é quando se está em um lugar público. Para falar de um local que inspira maiores cuidados, ele usa como exemplo o banheiro de um aeroporto lotado, a que um grande contingente de infectados pelo vírus pode ter acesso. Lavar as mãos e depois tocar torneiras, maçanetas, interruptores e outras superfícies de contato comum nesta situação é um comportamento de risco.
A chave para não se contaminar, atesta ele, é impedir que o vírus acesse uma das portas de entrada que existem no corpo humano. “São os comportamentos que você adota para garantir que nada no ambiente, incluindo as próprias mãos, entre em sua boca, nariz ou olhos”, explicou. “Se a última coisa que você tocar for água e sabão ou desinfetante para as mãos, […] você está bem”
A virologista do Centro de Infecção e Imunidade da Escola Mailman de Saúde Pública da Universidade de Columbia, Angela Rasmussen, lembra que desinfetantes à base de sabão, álcool ou alvejantes são eficientes, que o vírus precisa de um hospedeiro para proliferar e que a chave para se manter fora de perigo é manter as mãos sempre limpas. “O principal lugar que será a fonte do vírus na casa de alguém serão as pessoas que nela estão, e não as superfícies ou o ambiente físico”, informou. “Esse risco pode ser realmente mitigado praticamente lavando as mãos.”