Homossexual de direita, leitor do filósofo Olavo de Carvalho e simpático ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Essas são algumas características do maquiador de 30 anos que se apresenta nas redes sociais como Cláudio Makeup.
Ele se tornou um assunto comentado na internet, depois de sair em defesa do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). “Concordo com tudo o que o ele falou na tribuna”, disse Cláudio, em entrevista a Oeste.
O apoio de Cláudio despertou a ira da esquerda. O homem passou a ser atacado nas redes sociais por LGBTs “progressistas” e recebeu até ameaças de morte. Em compensação, ganhou o apoio e a solidariedade dos conservadores.
A seguir, os principais trechos da entrevista.
Por que o senhor gravou o vídeo a favor do deputado Nikolas?
Para que todos saibam que os ataques ao Nikolas não são unanimidade por parte de pessoas LGBTs. O conteúdo das falas do deputado, em defesa das mulheres, é importante. Esse debate, contudo, está sendo banalizado pela esquerda. Aos poucos, o público feminino vem perdendo um espaço que demorou muito para ser conquistado. Embora eu seja homossexual, entendo que não vivo em uma comunidade que busca apenas atender aos interesses de seus membros, mas, sim, em uma sociedade complexa e composta de indivíduos com anseios diferentes dos meus, que também precisam ser atendidos.
Uma das críticas ao deputado é que ele não tem “lugar de fala” sobre trans. Vamos chegar ao ponto de não poder dizer nada a respeito?
Sim. Estamos caminhando para um tempo em que vai ser proibido ser hétero, porque essa opção sexual ofenderá “outros gêneros”. Depois que inventaram o termo “lugar de fala”, a vida se tornou um inferno. Eu mesmo fui alvo disso. Nos ataques que recebi após defender o Nikolas, disseram que eu não podia me posicionar a respeito de trans. Isso porque sou um “homem branco e hétero”, mesmo na condição de homossexual e todo maquiado. Essa questão do “lugar de fala” é bem interessante. O governo Lula, por exemplo, que diz defender LGBTs, apoiou a estadia de navios de guerra iranianos no Brasil. O regime de lá persegue gays e oprime mulheres. Sendo assim, o PT não poderia ser “porta-voz” das minorias. Mas o movimento LGBT passa pano para eles. É algo bem seletivo. Isso eles não falam. Por que será? Quem são os verdadeiros hipócritas?
Qual a sua avaliação sobre o movimento LGBT+?
Uma bolha, um sistema tirânico de pensamento único que só aceita quem se submete a isso. Todos têm de concordar com todos, mesmo que algo esteja errado. Não há divergência. Se você pensar diferente, é chamado de homofóbico, transfóbico, entre outros “óbicos”. Nesse meio, vale a aparência física e o saldo da conta bancária. Falam sobre homofobia e que são alvos de ataques da “sociedade”, porém, as ameaças que recebi vieram de gente de dentro do movimento. Nunca fui atacado por pessoas de direita. O movimento LGBT é onde fui mais agredido, mesmo antes de me aventurar a comentar a política. Sofri muito preconceito, porque sou gordo, pobre e afeminado. Já ouvi gente me falar: ‘Ficaria com você, se fosse magro’. Eles são mais preconceituosos do que as pessoas que acusam de praticar discriminação.
Em que o movimento precisa melhorar?
Precisa de organização e de gente séria, com capacidade para dialogar com a sociedade, e não com a comunidade. Só assim, vai ter respeito. Hoje, o movimento tem um comportamento de manada. Escuta alguma coisa de um partido político e começa a gritar contra ou a favor daquilo, sem saber exatamente o que é.
Eles são mais preconceituosos do que as pessoas que acusam de praticar discriminação
O que você pensa sobre o uso de banheiros femininos por pessoas trans?
Sou contra, porque gera constrangimento para a mulher e a trans. Os olhares vão ser diferentes. Tenho uma amiga trans que relata exatamente essa sensação. No caso do banheiro masculino, a trans também não vai se sentir à vontade. Defendo a terceira opção, o toalete unissex.
E quanto à ideologia de gênero?
Acho que está sendo aplicada de forma desnecessária. Sou a favor desse ensino para fins de conscientização dos pais, na escola, sobre como lidar com filhos LGBTs. Sou contra a ideologia de gênero para crianças e adolescentes. Os jovens precisam aprender português e matemática. Quando estiverem maiores, escolherão, sem influências externas, o que querem ser.
Como o senhor se define?
Sou um gay de direita que defende pautas conservadoras para a sociedade, como o casamento entre homem e mulher, a importância da fidelidade nas relações e o estudo tradicional para crianças na escola. Eu, como adepto do protestantismo, reconheço a importância da religião, e de outras também. Elas formam positivamente o caráter das pessoas. O mundo só sobrevive por existirem pessoas que foram alcançadas, de alguma forma, pela religião.
Seus pensamentos destoam do senso comum sobre as ideias de pessoas LGBTs. Quais suas inspirações?
A primeira delas é Deus. Tiro da Bíblia muitos ensinamentos. Também bebo do conhecimento de Olavo de Carvalho. Meus pensamentos são bastantes alinhados aos dele. Na política, me identifico com o saudoso Clodovil. Ele foi um gay que não se vitimizava. Agora, temos gente como o Nikolas, que está sendo excepcional para mim. Também gosto de Jair Bolsonaro. O ex-presidente é um político exemplar. Fiz até campanha para ele. Nunca liguei para o que as pessoas dizem sobre minhas opções. Sou feliz assim.
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