O auditório onde estava instalada a arquibancada que desabou na terça-feira 21 e matou nove pessoas em Itapecerica da Serra, na região metropolitana de São Paulo, não tinha licença para funcionar. Depois do desabamento, fiscais do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea) estiveram no local e descobriram que o espaço não aparece no projeto encaminhado para a aprovação da prefeitura. A empresa de contêineres Multiteiner também não tinha autorização para realizar evento temporário.
Apesar disso, um evento, com a presença do candidato a deputado estadual, Jones Donizette (Solidariedade), e da candidata a deputada federal, Ely Santos (Republicanos) estava sendo realizado na manhã de terça-feira no local. Além dos políticos e seus assessores, participavam do evento os funcionários da empresa. Ao todo, cerca de 60 pessoas estavam no local quando o auditório desabou.
Entre os mortos, estavam sete mulheres e dois homens. Outras 28 pessoas ficaram feridas, incluindo os dois candidatos.
A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar o crime de homicídio culposo, quando não há intenção de matar, mas o resultado ocorre por negligência, imprudência ou imperícia. Além de ouvir testemunhas, a polícia também deverá requisitar perícia para analisar eventuais falhas no projeto de engenharia. Segundo o delegado Luís Hellmeister, os investigadores também analisam as imagens de câmeras de segurança do local.
Depois da constatação da ausência de licença para funcionar e para a realização de eventos, o Crea pediu que, em 24 horas, a prefeitura apresente as Anotações de Responsabilidade Técnica (ARTs), documentos que mostram o responsável técnico pelo projeto.
Segundo o Corpo de Bombeiros, o imóvel estava sem o laudo de vistoria, o Alvará do Corpo de Bombeiros (AVCB). A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) informou que a empresa tinha aprovação para o uso do local, mas estava sob avaliação um pedido de regularização do empreendimento.
De acordo com a prefeitura, o auditório era destinado ao treinamento dos funcionários e recebia apenas 10 ou 15 funcionários de uma só vez. Por isso, uma das linhas de investigação da polícia é a sobrecarga.
O Ministério Público Eleitoral de São Paulo também abriu uma investigação para apurar se estava ocorrendo um evento político no local, em razão da presença dos dois candidatos. Segundo o MPE-SP, “é necessária investigação para saber se o encontro realizado na empresa implicou despesas eleitorais ou constrangimentos ao voto”.
Em nota enviada à imprensa após o acidente, a assessoria de Jones informou que ele e Ely foram convidados a conhecer a empresa e, quando estavam se despedindo dos trabalhadores, parte da estrutura de concreto se rompeu e os candidatos ficaram presos nos escombros.
Em nota, a empresa Multiteiner lamentou o acidente e disse que todos foram surpreendidos pelo rompimento da estrutura. “Informamos que todas as medidas estão sendo adotadas para apurar e esclarecer todo o ocorrido, contudo, neste momento, estamos priorizando o apoio e assistência aos nossos colaboradores e aos seus familiares”, declarou a empresa.
Poe na conta da empresa e da prefeitura. Bando de negligentes!