O empresário Antonio Vinícius Lopes Gritzbach, de 38 anos, foi executado a tiros pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) no Aeroporto de Guarulhos, na sexta-feira 8. Antes do assassinato, ele entregou ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP) um áudio revelando um plano para matá-lo por R$ 3 milhões.
Antonio Gritzbach registrou a conversa em seu próprio escritório e entregou ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP-SP, depois de firmar uma delação premiada. O acordo do empresário foi homologado no dia 24 de abril deste ano.
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Durante a gravação, Antonio estava acompanhado de um policial civil, que era seu amigo. O agente recebeu uma ligação de um associado a acionistas de uma empresa de ônibus, suspeita de ligações com o PCC, alvo da operação Fim da Linha realizada pelo MP-SP também realizada em abril.
A ligação foi atendida pelo viva-voz do celular do policial, permitindo que o empresário pudesse ouvir a conversa sem que os interlocutores soubessem. A discussão iniciou-se abordando valores para a sua execução.
PCC ofereceu R$ 3 milhões para execução de empresário
Na gravação, o interlocutor pergunta se “três está bom”, referindo-se, segundo denúncia do próprio empresário Antonio Gritzbach ao Ministério Público, ao valor de R$ 3 milhões para sua execução.
Posteriormente, o autor da ligação questionou se seria fácil “resolver” a situação de Vinícius, ou se ele estava “voando”, isto é, saindo de casa. O policial confirmou, mencionando que o empresário estava com seguranças.
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Depois da conversa, o policial disse a Gritzbach: “Você escutou, você é meu irmão”. Na sequência, perguntou: “Por que esse cara está fazendo isso aí? Nós vamos pegar esse cara e dar umas pauladas nele.” Ele orientou o delator do PCC sobre como proceder em sua defesa.
A orientação do policial referia-se à defesa de Antonio Gritzbach no processo em que ele era acusado dos assassinatos de Anselmo Becheli Santa Fausta, conhecido como Cara Preta, e Antônio Corona Neto, apelidado de Sem Sangue.
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Os dois foram mortos a tiros por volta das 12h10 no dia 27 de dezembro de 2021, na rua Armindo Guaraná, Tatuapé, em São Paulo. Noé Alves Schaum, acusado de ser o executor, foi morto no dia 16 de janeiro de 2022, no mesmo local.
Cara Preta era um membro influente do PCC, envolvido com tráfico internacional de drogas. Sem Sangue atuava como motorista e braço direito dele.
Conexões perigosas
Segundo o DHPP, Antonio Gritzbach teria ordenado a morte de Cara Preta depois de desviar R$ 40 milhões que recebeu para investir em criptomoedas. O golpe foi descoberto, e ele passou a receber ameaças de morte.
O policial envolvido na gravação foi preso em outra investigação. As ameaças contra Antonio Gritzbach aumentaram depois da sua delação premiada. Além do áudio, o empresário denunciou ao Gaeco a participação de policiais civis do DHPP, Deic e do 24º Distrito Policial em casos de corrupção e recebimento de propinas.