Empresas do cantor Gusttavo Lima são investigadas por suspeita de ocultar valores e receber quase R$ 50 milhões de casas de apostas, segundo um inquérito da Polícia Civil de Pernambuco. O portal g1 divulgou as informações nesta terça-feira, 24.
A juíza Andréa Calado da Cruz, responsável pelo mandado de prisão contra o artista, afirmou que as empresas Balada Eventos e Produções Ltda. e GSA Empreendimentos e Participações Ltda., ambas pertencentes a Gusttavo Lima, são suspeitas de envolvimento em ocultação de valores de apostas on-line.
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De acordo com as investigações, desde 2023, as empresas do cantor teriam recebido aproximadamente R$ 50 milhões da Esportes da Sorte e da Vai de Bet, também alvos da operação. Em 1º de junho, Gusttavo Lima adquiriu 25% da Vai de Bet, o que, segundo a juíza, indica sua possível participação no esquema.
Gusttavo Lima é alvo da Operação Integration, que investiga um suposto esquema de lavagem de dinheiro. A operação também prendeu a influenciadora e advogada Deolane Bezerra. O esquema envolvia a contratação de influenciadores digitais por casas de apostas esportivas. A defesa de Gusttavo Lima classificou a ordem de prisão como “injusta” e declarou que provará a inocência do cantor.
Nesta segunda-feira, o desembargador Eduardo Guilliod Maranhão aceitou um pedido de habeas corpus. A medida beneficiou 17 investigados pela Operação Integration, o que inclui Deolane Bezerra. No entanto, a decisão não se estende ao mandado de prisão de Gusttavo Lima, que continua válido.
O avião de Gusttavo Lima
Entre as operações suspeitas, a Justiça aponta a ocultação de quase R$ 5 milhões da empresa HSF Entretenimento Promoção de Eventos, de Bóris Maciel Padilha, também investigado. A polícia investiga a empresa de Gusttavo Lima por dissimular a propriedade de uma aeronave Cessna Aircraft, apreendida em 4 de setembro.
De acordo com o inquérito, a empresa de Gusttavo Lima recebeu depósitos que totalizam R$ 22,2 milhões de fevereiro a julho de 2024. Valores específicos incluem R$ 16 milhões em 16 de fevereiro; R$ 2 milhões em 13 de março, 15 de março e 19 de março; R$ 1,1 milhão em 3 de junho; e valores adicionais em 1º de julho.
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A Balada Eventos e Produções Ltda. também é suspeita de ocultar recursos das empresas Sports Entretenimento Promoção de Eventos e Pix 365 Soluções Tecnológicas, de Darwin Henrique da Silva Filho. Gusttavo Lima teria guardado em um cofre da empresa R$ 112,3 mil, € 5,7 mil, £ 5,9 mil e US$ 1 mil.
Outra empresa de Gusttavo Lima, a GSA Empreendimentos e Participações Ltda., recebeu, em 2023, R$ 5,7 milhões por meio de 14 transferências por Pix. Além de R$ 200 mil também por Pix e R$ 1,3 milhões em cinco TEDs das empresas Zelu Brasil Facilitadora de Pagamentos e Pix 365 (Vai de Bet). A Zelu Brasil é considerada intermediadora de pagamentos entre a Vai de Bet e a Esportes da Sorte.
Cantor recebeu dinheiro na conta pessoal
O inquérito revela que, em 2023, a GSA recebeu R$ 18,7 milhões, com R$ 5,9 milhões de empresas investigadas na Operação Integration. Desse total, a empresa transferiu R$ 1,3 milhão para a conta pessoal de Gusttavo Lima.
Segundo o g1, o mandado de prisão foi expedido pela juíza Andrea Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal do Recife. A magistrada mencionou “a conivência” de Gusttavo Lima com outros investigados.
“A conivência de Nivaldo Batista Lima [nome de registro de Gusttavo Lima] com foragidos não apenas compromete a integridade do sistema judicial, mas também perpetua a impunidade em um contexto de grave criminalidade”, diz a decisão.
Sócios da Vai de Bet ficam na Europa
A decisão cita que Gusttavo Lima deu “guarida a foragidos”. O texto também menciona uma viagem do cantor com José André da Rocha Neto e Aislla Sabrina Truta Henriques da Rocha, sócios da Vai de Bet, de Goiânia para a Grécia.
“No dia 7 de setembro de 2024, o avião de matrícula PS-GSG retornou ao Brasil, após fazer escalas em Kavala, Atenas e Ilhas Canárias, pousando na manhã do dia 8 de setembro no Aeroporto Internacional de Santa Genoveva, em Goiânia”, diz a decisão. “Curiosamente, José André e Aislla não estavam a bordo, o que indica de maneira contundente que optaram por permanecer na Europa para evitar a Justiça.”
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A Operação Integration foi deflagrada em 4 de setembro, o que resultou na prisão de Deolane Bezerra e outros investigados. Nesta data, a Polícia Civil de São Paulo apreendeu um avião da Balada Eventos e Produções, enquanto passava por manutenção em Jundiaí (SP).
A defesa do cantor Gusttavo Lima informou que recebeu a decisão na tarde desta segunda-feira. Os advogados disseram que já esclareceu os fatos e que vai recorrer a decisão.
“A inocência do artista será devidamente demonstrada, pois acreditamos na Justiça brasileira”, disseram os advogados do cantor, por meio de nota. “O cantor Gusttavo Lima jamais seria conivente com qualquer fato contrário ao ordenamento de nosso país e não há qualquer envolvimento dele ou de suas empresas com o objeto da operação deflagrada pela polícia pernambucana.”