As chuvas do início de maio no Rio Grande do Sul ultrapassaram os 800 milímetros de água, em um período considerado curto. A estação da PCH Rastro de Auto Barramento, hidrelétrica entre os municípios de Putinga e São José do Herval, acumulou a maior quantidade, com 866,6 milímetros em cerca de seis dias.
Leia mais: “FAB lança alimentos para regiões isoladas no RS”
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 1 milímetro de chuva equivale a 1 litro de água por metro quadrado.
Dessa maneira, 100 milímetros de chuva são 100 litros de água em cada metro quadrado. As precipitações no Rio Grande do Sul, portanto, foram mesmo em uma quantidade muito alta, segundo Carlos Nobre, pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo.
“Isso é quase que a chuva de muitos meses, em poucos dias, então não há dúvida que foi um recorde nunca no registrado no Estado”, afirma o especialista a Oeste.
Leia mais: “Institutos de meteorologia alertam para riscos de novas inundações no RS”
Ele acrescenta que a perda da vegetação no Estado contribuiu também para as enchentes, em função da diminuição de barreiras naturais.
“A maioria da vegetação ao redor dos rios, de uma maneira geral no Estado, foi perdida. Estas vegetações nas margens dos rios quase não existem mais, com isso se perde uma capacidade das florestas e da vegetação reterem mais água.”
Na Amazônia, a quantidade de chuvas é maior do que no Rio Grande do Sul
Nobre afirma que o desmatamento é o principal responsável por esse tipo de situação.
‘É lógico também que uma parte da chuva no norte do Rio Grande do Sul caiu em regiões de serras com muitos deslizamentos, erosão do solo, tudo levado para os rios, se tornando lama transportada”, ressalta Nobre. “Além disso, a topografia de boa parte do centro norte do Rio Grande do Sul também contribui para um alta velocidade das águas.”
O Inpe também informa que, com base nos aparelhos implantados em cada cidade ou região, é possível obter a média da precipitação na área total. Uma chuva de 7 milímetros na cidade, diz o órgão, significa que seria essa a altura média atingida pela água a partir do chão, na área total da cidade em determinado período.
Já o Inmet afirma que uma chuva forte é aquela que fica entre 10 mm/h e 50 mm/h. Uma chuva violenta chega a mais de 50 mm/h.
+ Leia mais notícias de Brasil em Oeste
Nobre conta ainda que o Rio Grande do Sul nem é o Estado com maior índice pluviométrico no Brasil. Os Estados da Amazônia, acrescenta, são mais chuvosos.
“A média de chuva da Amazônia chega a ser 2,3 metros (por ano), isso é muito mais do que as chuvas no Rio Grande do Sul, de até 1,6 metro”, afirma o especialista.
Ele, no entanto, afirma que os Estados do Sul têm maior umidade. Ao contrário de regiões como o cerrado, que têm períodos de chuva muito intensa intercalados por vários meses de seca.
“Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná são os Estados que têm uma estação seca muito menor, praticamente nem há uma estação. No Rio Grande do Sul costuma haver chuva todos os meses.”