A venda do atacante Estevão, de 17 anos, do Palmeiras para o Chelsea, por 61,5 milhões de euros (R$ 362,3 milhões), foi mais uma a revelar o atual cenário do futebol brasileiro. Cada vez mais, jovens jogadores, que mal ingressaram no profissional, têm sido negociados com grandes clubes europeus. Isto se deve ao chamado “efeito Neymar”, conforme admitiu a Oeste o empresário André Cury.
“A negociação do Neymar [do Santos para o Barcelona em 2013] foi algo que revolucionou o mercado”, afirma o empresário. “Quando o Barcelona venceu a disputa com o Real Madrid pelo Neymar, o Real Madrid já começou a agir diferente. Começou a ir atrás mais precocemente dos jogadores que hoje estão muito bem, como o Rodrigo e o Vinicius Junior.”
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Isto acabou contagiando, segundo ele, todos os grandes clubes europeus. A prática, então, se tornou comum. Cury diz ser o responsável pelas três maiores vendas de jogadores da história, que foram da América (incluindo os Estados Unidos) para a Europa.
Na primeira colocação está a negociação de Estevão, por 61,5 milhões de euros. A ida de Vitor Roque, do Athletico para o Barcelona, em 2023, por 60,5 milhões de euros (R$ 356,4 milhões) vem em segundo, à frente da de Neymar, do Santos para o Barcelona, em 2013, por 60 milhões de euros (R$ 353,4 milhões). Cury acrescenta que as quantias em questão são as que entraram nos cofres dos clubes.
Segundo o jornal Lance, a venda de Estêvão, que assinou com o Chelsea no último dia 22, supera a de Endrick, também ex-Pameiras.
Em 2023, Endrick acertou com o Real Madrid por 72 milhões de euros (R$ 424,1 milhões). No entanto, diz o jornal, o imposto a ser pago na Espanha fez ficarem retidos cerca de 12 milhões de euros (R$ 70,7 milhões).
O que é o ‘efeito Neymar’
O valor das transações, direcionado a jovens que ainda são incógnitas e que mal completaram 18 anos, começou a ficar cada vez maior porque Neymar, aos 13 anos, em 2005, foi treinar no Real Madrid e não permaneceu na Espanha naquela ocasião.
O clube espanhol fez uma oferta ao jogador, mas nem de longe tão atraente quanto as que são feitas atualmente. E viu um dos jogadores mais desejados se transferir para o maior rival, Barcelona, aos 21 anos, em 2013. Daí a denominação “efeito Neymar”, conforme diz o empresário.
“É uma forma hoje também de o clube garantir o gênio, garantir o jogador diferente”, ressalta Cury. “Então cada vez mais cedo, os clubes europeus, com inteligência, desenvolveram estrutura para poder identificar esse talento mais jovem e promissor possível, para poder chegar antes que os outros e driblar a concorrência.”
Segundo Cury, a negociação com Estevão foi fruto deste contexto. Cientes disso, os empresários também passaram a trabalhar de forma intensa com jogadores cada vez mais jovens.
“O Estevão é um projeto de seis a sete anos que já vínhamos trabalhando, formando a opinião sobre ele, por ser um grande jogador, diferenciado”, observa o empresário.
Estevão permanecerá no Palmeiras até 2025, quando completar 18 anos, para, de acordo com a legislação, poder efetivar a transferência.
Cury acrescenta que, em outra etapa, quando o jogador já estava prestes a subir para os profissionais, foi iniciada a preparação para a venda. Isto retrata um processo comum nas categorias de base do país.
“Esta venda, que é a maior da América para a Europa, da história, foi um trabalho de sete, oito meses de telefonemas, conversas diárias para desenvolver o melhor para a carreira dele.”