O galerista norte-americano Brent Sikkema, antes de ser encontrado morto em sua casa no Jardim Botânico, na zona sul do Rio de Janeiro, demonstrava angústia pelos rumos que seu divórcio estava tomando, conforme informou a Folha de S.Paulo.
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Isso ficou constatado num dos últimos jantares com amigos, quando ele não conseguiu esconder a sua preocupação. O jornal contou que Sikkema vinha tentando na Justiça, segundo amigos, reaver a permissão de visitar o filho que teve junto com o ex, por meio de uma barriga de aluguel.
Ele havia acumulado uma fortuna e tinha um dos nomes mais celebrados da cena artística mundial. Entre outros, era marchand do artista Jeffrey Gibson, que representa os Estados Unidos na próxima Bienal de Veneza, em abril.
Amigos próximos em Nova York, que não quiseram ser identificados, disseram que o galerista estava aflito pela recusa Daniel, ou Danny, em aceitar uma separação amigável.
O ex exigia US$ 6 milhões, ou cerca de R$ 30 milhões, além de uma pensão alta, para romper o vínculo e deixar que Sikkema visse o filho Lucas, de 12 anos.
De acordo com o portal g1, Danny foi avisado da morte de Sikkema, mas não virá ao Brasil. Entre os amigos, há a suspeita de que o cubano Danny tenha fugido com o adolescente para a ilha no Caribe onde Sikkema também mantinha uma casa. A Folha não conseguiu localizar Danny para comentar o caso.
Longa batalha judicial
Há anos ambos travavam uma batalha judicial. Em certa ocasião, conforme disseram amigos, Danny conseguiu uma medida protetiva que impedia o galerista de ver Lucas. Sikkema acabou passando uma noite na prisão em Nova York por ter desrespeitado a ordem judicial, segundo o jornal. O episódio fez a relação piorar.
Enquanto isso, a galeria Sikkema Jenkins & Co crescia no mundo da arte, impulsionada por sua localização em Chelsea, o distrito de arte mais poderoso do mundo, no oeste da ilha de Manhattan. Tornou-se, na comunidade artística mundial, um celeiro tanto de talentos já celebrados quanto daqueles em ascensão, sobretudo negros e queer.
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Jac Leirner, Vik Muniz, Janaína Tschäpe e Luiz Zerbini foram alguns dos brasileiros representados pela galeria. No Rio de Janeiro, Sikkema era vizinho de Beatriz Milhazes, em uma conexão forte com o país.
Ele dizia se sentir mais seguro no Rio de Janeiro, mesmo com toda a angústia. Revelou a amigos naquele jantar que costumava deixar a porta da casa aberta, tamanha a confiança.
Foi este o contexto que antecedeu a morte de Sikkema, encontrado atravessado por um objeto perfurante em casa. Imagens de câmeras de segurança mostram um homem entrando no imóvel sem dificuldades e usando luvas em pleno verão carioca. O suspeito entra e sai em 14 minutos, como mostram imagens das câmeras de segurança obtidas pela TV Globo.
Pessoas próximas ao artista descartam a hipótese aventada pela polícia de que este seja um caso de latrocínio. Também, segundo a Folha, discordam de que tenha sido decorrente da visita de um garoto de programa que tivesse se tornado violento ou desembocasse numa tentativa de assalto. O caso segue em apuração.
Sikkema, de 75 anos, era gay e passava os verões e as viradas do ano no Rio de Janeiro, para fugir do frio do inverno em Nova York. Ia a saunas gays e se relacionava com homens da cidade. Mesmo assim, amigos consideram a disputa por milhões de dólares em Nova York como o verdadeiro estopim para seu assassinato, que julgam ter sido premeditado.