General nega ingerência política em indicação de Rivaldo Barbosa durante intervenção

O General Richard Nunes, futuro chefe do Estado-Maior do Exército, contrariou a Polícia Federal (PF) nesta segunda-feira, 25, ao negar qualquer ingerência política na indicação do delegado Rivaldo Barbosa, preso sob suspeita de planejar a morte da vereadora Marielle Franco, como chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro.

“A responsabilidade é minha, de mais ninguém”, afirmou o general em entrevista ao jornal Estadão.

Conforme o general, o nome de Rivaldo Barbosa para a chefia da Polícia Civil foi sugerido pelo setor de inteligência do Comando Militar do Leste (CML), em uma lista com cinco nomes.

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O general destaca a “folha de serviço prestado bastante considerável” e a visibilidade e respeito que Rivaldo tinha entre os delegados da Polícia Civil. “Um nome respeitado, que foi muito bem aceito por toda a sociedade”, afirmou o general.

“Então, à época, era isso que eu tinha”, disse. “Aceitou [Rivaldo] o convite e cumpriu a missão dele. Era tão respeitado que foi respeitado pela família da Marielle, que ele conhecia, e pelo próprio Marcelo Freixo. O mais, é muita especulação, muita coisa que não tem sentido. É tentar querer vestir uma roupa de 2024 em 2018.”

Saiba mais sobre a nomeação de Rivaldo Barbosa

O primeiro nome da lista entregue pelo serviço de Inteligência do CML e preferido de Nunes para assumir o cargo por terem trabalhado juntos em operação de pacificação do Complexo da Maré, delegado Delmir Gouvea, recusou o convite. O general, então, chamou o segundo nome, que era Rivaldo.

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Em 2018, ano do assassinato da vereadora do Psol e do motorista dela, Anderson Gomes, o Estado do Rio passava por uma intervenção militar comandada pelo general Walter Braga Netto, chefe do CML desde 2016.

Netto nomeou Richard como secretário de Segurança Pública, e este, por sua vez, conforme afirma, fez pessoalmente a escolha de Rivaldo Barbosa.

Entretanto, a inteligência da Secretaria de Segurança contraindicou o nome de Rivaldo. O general Nunes, porém, avaliou que as ressalvas feitas não se “pautavam em dados objetivos” e manteve a nomeação.

“É uma escolha absolutamente normal”, explica Nunes. “Começou a especulação de que eu não teria dado ouvidos a uma contraindicação de inteligência. Não existe isso. Contraindicação de inteligência existe, normalmente, quando a gente está diante de uma lista de nomes, é um dado a ser considerado. Não é uma investigação pronta.”

O delegado Barbosa assumiu o comando da Polícia Civil do Rio de Janeiro na véspera do crime contra a parlamentar carioca.

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Nunes, que é general de quatro estrelas, diz estar “surpreso” com o suposto envolvimento dele no caso Marielle.

“É surpreendente”, falou o general ao Estadão. “Realmente, é uma coisa totalmente absurda pelo que a gente está acompanhando. Eu me considero tão surpreso quanto qualquer outro porque durante todo o período em que eu estive à frente da secretaria, jamais me passaria pela cabeça uma coisa dessa.”

Braga Netto nega ingerência na escolha

Os advogados de Braga Netto afirmam que ele não teve nenhuma ingerência na definição da Polícia Civil do Rio e que a indicação coube exclusivamente à Secretaria de Segurança. O general Nunes endossa a afirmação ao puxar para si toda a responsabilidade. “Eu tinha uma decisão a ser tomada dentro de um prazo curto”, relembrou.

“Não podia ficar esperando que uma coisa como aquela que tinha sido apresentada fosse elucidada”, completou. “Tanto não foi, que só foi agora. Essa coisa de assumir a responsabilidade é comigo mesmo. Sempre assumi naquele momento e continuo agora. Quem nomeou o Rivaldo fui eu. Não sofri ingerência nenhuma. Foi uma decisão fruto de critérios que eu estabeleci.”