Não foram apenas profissionais e empresas legítimos que adaptaram o trabalho às exigências de isolamento social. O crime organizado também tem investido em “escritórios do crime” para a aplicação de golpes das chamadas “falsas centrais telefônicas”.
No Estado de São Paulo, o número de golpes por meios eletrônicos e digitais triplicou em abril de 2020, com relação a março. Ou seja, no primeiro mês depois de a pandemia da covid-19 ter início.
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Essa linha de “empreendedorismo” criminoso oferece custo-benefício vantajoso, com risco baixo e uma considerável “conversão”. O termo diz respeito ao momento em que o consumidor impactado por um anúncio, por exemplo, faz a aquisição do produto ou serviço.
No lugar do cliente, porém, está a vítima que caiu em um golpe. O home office do crime também garante fluxo de caixa em tempos em que há maior repressão estatal a segmentos mais lucrativos, como o tráfico de drogas.
Facções multiplicam os ganhos em escala
Esse arranjo quase que corporativo do crime está sob a mira da Polícia Civil, tanto paulista quanto fluminense. Ministério Público de SP e Polícia Federal se somam aos esforços para coibir os golpistas.
O Brasil padece de um surto de fraudes bancárias. A pandemia só fez reforçá-lo.
Com o sucesso desse tipo de golpe, o “filão” do estelionato digital acaba chamando a atenção das facções criminais, que conseguem escalar a prática criminosa. Aumentam, assim, a sua eficiência em obter dinheiro de vítimas.
Do falso atendente de ‘telemarketing’ ao falso filho pedindo Pix
Esse tipo de estelionato leva o nome de “falsas centrais telefônicas” por sua origem. Criminosos se passavam por instituições de verdade para transmitir credibilidade e assim obter dados sensíveis dos alvos.
No entanto, o conceito se estendeu para os golpes que não necessariamente usam de telefonia, mas da internet. Tal é o caso dos “golpes do Pix”, em que bandidos se passam por um parente ou amigo, inclusive com fotos e nome, para convencer contatos desavisados a lhe transferir dinheiro para laranjas.
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Em 5 de dezembro, a Polícia Civil desmantelou um verdadeiro escritório em pleno centro de São Paulo, prendendo mais de 20 pessoas. Com vários “funcionários”, coordenação, dezenas de computadores, máquinas de cartão e outros itens.
A orientação para as vítimas de estelionato digital é comunicar o quanto antes a instituição bancária, para que se tomem as providências e se busque recuperar o dinheiro perdido. Registrar o boletim de ocorrência também é fundamental, não apenas para que ajudar a polícia a fechar o cerco às quadrilhas, mas pela notificação estatística em si.