Por reiterado equívoco, na maior e mais populosa das nove nações lusófonas, o inglês é trazido para substituir palavras e expressões estratégicas do português, língua oficial do Brasil. É o caso da desjeitosa expressão “homeschooling”.
O brasileiro adora comida caseira, sinônimo de qualidade. Onde é feita a comida caseira? Em casa. Onde é ministrado o ensino na “homeschooling”? Em casa. Como se chama “school” em português? Escola. Os alunos estudam na escola, onde recebem aulas de professores. Você não mora e vive em “home”. Você mora e vive em casa. Ainda que seja apartamento, chácara ou cafofo, você está em casa. Então, o ensino a seus filhos, se ministrado ali, será ministrado em casa. O português tem nomes bons e bonitos para todas essas realidades.
Mas, mesmo quando acertam na língua, insistem em errar na bela arte de designar. Não apenas a ciência de designar, que em medicina antiga dava nomes feios a doenças e a remédios, fazendo também homenagens semelhantes a insultos a certas personalidades. Somente para descontrair um pouco os leitores, lembro que Flávio Antônio Quilici e Lisandra Marques Quilici, ambos médicos e doutores em Medicina, pela Unicamp e pela PUC/Campinas, respectivamente, deram a saber certa vez a seus confrades da Sociedade Brasileira de Coloproctologia o curioso título de um médico em antigo papiro do Egito, descrito em hieróglifo encontrado em Khoui, Saqqara, e datado de 2.550 a.C.: “Guardião do Ânus do Faraó” ou “Guardião da extremidade terminal do intestino real“, como explicado.
Assim, quando seus filhos recebem aulas particulares ou de reforço em casa, quem lhes ensina o que lhes falta são professores, não preceptores ou tutores. Por equívoco anterior, instituições de ensino à distância designaram por tutores os professores. E agora paira sobre o sistema de ensino outra ameaça de inadequação: saem os professores e entram os preceptores. Aonde nos trouxeram a “pátria educadora” e um governo que em cinco anos já teve quatro ministros da Educação.
E ainda não acertou o nome de uma inovação necessária ao ensino. Boa parte da mídia finge ignorar que 80% dos países da OCDE já regularizaram este tipo de ensino e que nosso país dispõe de numeroso contingente de professores qualificados, mas desempregados, ociosos ou aposentados, aguardando novas oportunidades de fazer o que mais sabem: ensinar. O lar sempre foi a primeira escola. Mas no Brasil há processos judiciais em curso para punir pais, mães, avós ou outros responsáveis pelas crianças que contrataram professores para ensinar em casa o que na escola lhes vinha sendo negado: o ensino.
A pandemia foi apenas um dos motivos deste “não”. Como se sabe, houve muitos outros, cujos objetivos não eram proteger as crianças. Eram indeclináveis, embora todos soubessem que eram um só: impedir o eleito de governar. Esses são alguns dos péssimos resultados quando a educação imerge no terreno minado da práxis politiqueira e do combate ideológico aos governantes que essas ou aquelas facções não aprovam. A educação e a cultura são bens perenes e não podem ser submetidas a tais impasses epocais. Já não basta estarmos entre as dez primeiras economias e entre as últimas nesses outros dois quesitos?
Deveríamos, tal como na campanha das “diretas já”, deflagrar outra: “ensino em casa já”.
Deonísio da Silva é professor e escritor, Doutor em Letras pela USP, autor de “Avante, soldados: para trás”, romance atualmente aprovado no PNLD.
Que porcaria de artigo.
“Ensino em casa” é uma ótima opção. Outra possibilidade de tradução de “Homeschooling” seria “Ensino domiciliar”. Aceito qualquer alternativa que não seja usar uma palavra inglesa ou de outra língua que não o português.
Reza a lenda que Thomas Alva Edison foi ensinado pela sua mãe quando da escola, ela (a mãe) recebeu um bilhete alertando que seu filho era incapaz de aprender qualquer coisa…
ensino em casa tudo muito bom , tudo muito bem , desde que o professor nao. seja tipo : messias baques ! kkkkkk
basques
Se fosse capaz, financeiramente, instituiria nova escola. Em meu bairro teríamos a escola esquerdopata e a minha. Na minha teríamos professores cientistas, meritocracia e liberdade de escolhas. Teríamos ensino de religiões. Todas. Mas os estudantes teriam liberdade de ser o que quisessem, desde que não empurrassem a seus colegas suas frustrações existenciais. Haveria liberdade política sem pichação. Proibido sujeira. Todas as correntes de pensamento serão respeitadas. E terão vez nas oficinas de discussão. Pode demorar duas gerações, mas, os pais e os alunos notarão a diferença. A sociedade só tem a ganhar.
Ensino caseiro é bem mais palatável!
Espero a aprovaçao pelo senado.
É um bom nome. O Senado saberá desta sua sugestão.
Colocações muito precisas do professor Deonísio da Silva. A meu ver, essa é a única solução para nos salvar dessa escola totalmente formada por elementos politizados por essa ideologia dessa esquerda maldita e é um direto que temos de nos defender desses canalhas. Não tem outra saída. Agora, para viabilizar econômicamente isso para a grande maioria dos pais, teria que formar grupos como aqueles de consórcios que se quotizariam para contratar professores gabaritados e também para arcar com as demais despesas decorrentes dessa atividade.