O humorista Leo Lins se manifestou de forma crítica sobre decisão da Justiça que o tornou réu por discriminação. Ele virou alvo do Poder Judiciário nesta semana, a partir de requerimento formulado pelo Ministério Público de São Paulo.
O comediante, que já sofreu diversas restrições depois de decisões jurídicas, voltou a defender a liberdade de exercer sua profissão. Em postagem divulgada em seu perfil no Instagram, onde conta com 2,3 milhões de seguidores, ele falou em ironia.
“Irônico uma época que fala tanto em DIVERSIDADE, proibir a diversidade de pensamento”, afirmou Lins.
Em carrossel — recurso que lista uma sequência de fotos em uma única postagem no Instagram —, o humorista reclamou do fato de autoridades enxergarem o seu trabalho como criminoso. Nesse sentido, ele mencionou um caso internacional.
“Tenho certeza que as pessoas envolvidas em meu processo creem agir em nome do bem”, afirmou o humorista. “Elas acreditam estar combatendo o mal e estão utilizando todas as armas ao seu dispor para acabar com o crime e o suposto pecador”, prosseguiu o comediante. “Porém, o Estado Islâmico, por exemplo, comete atrocidades EM NOME DO BEM.”
Na sequência, no mesmo carrossel, Lins exibe trecho do artigo “A última piada de Nasar”. No texto, o jornalista Dagomir Marquezi, repórter especial de Oeste, lembra do humorista afegão que acabou assassinado pelos terrorista do Talibã.
Por fim, o humorista reforçou: está em luta por justiça. “Se todos são iguais perante a lei, por que todos podem contar piadas, por exemplo, sobre surdos, mas, no meu caso, vira um crime passível de tamanhas punições?”
Leia mais: A esquerda é a tradução viva da censura e da perseguição no Brasil e no mundo
A decisão contra Lins partiu do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). Ao atender a pedido do Ministério Público de São Paulo (MPSP), o Judiciário bloqueou R$ 300 mil das contas do humorista por ele não ter excluído os conteúdos de seu canal no YouTube, conforme determinação anterior.
A nota do MPSP reforça a decisão adotada contra o humorista. De acordo com o órgão, “a Justiça também manteve as demais condições já estabelecidas em maio de 2023, quando acatou pedido do Ministério Público que proibia o homem de promover novos ataques a minorias.”
Além do YouTube, a Justiça determinou a suspensão do perfil oficial de Leo Lins no TikTok. A restrição às duas plataformas de redes sociais vale, inicialmente, pelo período de 90 dias.
Crescimento nas redes sociais
Apesar da primeira determinação do TJSP, de retirar o especial Perturbador, protagonizado por Lins, do YouTube, as redes sociais dele só cresceram.
O humorista aumentou sua projeção desde a polêmica com a Justiça e personalidades da esquerda. O debate da liberdade de expressão já lhe rendeu defesas públicas de outros comediantes, que temem entrar para a lista de censurados no país.
A censura prévia, com a retirada do especial Perturbador do YouTube por ordem judicial, repercutiu até no exterior. Conforme registrou Oeste, na reportagem “É proibido rir”, a colunista Cátia Domingues, do português Jornal de Notícias, comparou o parecer da Justiça brasileira contra Lins como típica de decisões do Talibã, grupo que controla o Afeganistão.
Leia também: “Pare o riso”, artigo de Flávio Gordon publicado na Edição 165 da Revista Oeste