Áudio sob investigação da Polícia Federal mostra que o principal lobista do esquema de venda de sentenças nos Tribunais de Justiça de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul — raiz das suspeitas que respingam em gabinetes de ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) — pediu a advogada que enviasse decisão pronta para ser encaminhada para um desembargador assinar.
Esse áudio é uma das 9 mil mensagens trocadas entre o advogado e lobista Roberto Zampieri e o empresário Andreson de Oliveira, que estão sendo analisadas pela Polícia Federal.
Nesse áudio específico, Zampieri pede à mulher de Andreson, que é advogada, que faça uma decisão, conforme o interesse do cliente, para ser levada ao desembargador. Ele também fala sobre “aqueles 400 mil”, questionando se está tudo certo. O áudio é de 28 de julho de 2023.
Esse áudio e outros diálogos de Zampieri tiveram peso decisivo na decisão do ministro Luís Felipe Salomão, vice-presidente do STJ e ex-corregedor nacional de Justiça, ao decretar o afastamento de três magistrados do TJ de Mato Grosso — os desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho e o juiz Ivan Lúcio Amarante, de primeiro grau.
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Zampieri foi assassinado com 12 tiros à porta de seu escritório em Cuiabá, seis meses depois da mensagem enviada a Andreson, a quem tratava por “rapaz de Brasília”. Isso seria uma indicação de que o empresário integrava braço da organização de venda de sentenças que exercia influência em gabinetes de ministros do STJ, segundo a PF.
As mensagens entre os dois lobistas dos tribunais abastecem o inquérito da Operação Ultima Ratio, deflagrada na quinta-feira 24. Elas colocaram a Polícia Federal no encalço de cinco desembargadores do Tribunal de Mato Grosso do Sul, todos sob suspeita de venda de sentenças: Marcos José Brito Rodrigues, Vladimir Abreu da Silva, Alexandre Aguiar Bastos, Sideni Soncini Pimentel e Sérgio Fernandes Martins, presidente da Corte estadual.
Todos foram afastados dos cargos por ordem do ministro Francisco Falcão, relator da Operação Ultima Ratio no STJ. O ministro mandou monitorar os magistrados sob suspeita com tornozeleira eletrônica.
Um sexto desembargador, Júlio Roberto Siqueira Cardoso, que se aposentou em junho passado, também é investigado. A PF apreendeu na casa dele quase R$ 3 milhões em dinheiro vivo.
Proximidade de Andreson com o STJ
O lobista Andreson, parceiro de Zampieri, foi alvo de buscas na operação. Os investigadores trabalham com hipótese de que ele tinha acesso privilegiado a gabinetes do STJ, inclusive para verificar, a pedido de Zampieri, se havia investigações contra o desembargador Sebastião de Moraes Filho, no Conselho Nacional de Justiça e no próprio STJ.
Zampieri se referia ao desembargador como “chefe”. Segundo o CNJ, é nítido que o advogado “vendia sua proximidade com o desembargador”, cobrando propinas a título de “honorários” e “muito possivelmente repassando parte deles ao magistrado”.
Zampieri também resolvia “problemas pessoais” do desembargador, aponta a investigação.
O contexto do áudio sobre a sentença pronta a ser levada para desembargador
Entre as informações que analisou para afastar Sebastião de Moraes de suas funções, o ministro Luís Felipe Salomão deu ênfase àquele áudio de 28 de junho do ano passado, que chamou de “surpreendente”, pelo fato de os lobistas supostamente redigirem a decisão que deveria ser assinada pelo desembargador.
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O lobista tinha pressa para receber a minuta fraudulenta, porque o desembargador Sebastião de Moraes Filho estava prestes a sair de férias. Na gravação, Zampieri fala em pagamento de “honorários”, ou propinas, segundo avaliação dos investigadores
Os lobistas dos tribunais estavam empenhados em uma disputa de terras em Mato Grosso. A primeira conversa entre Andreson e Zampieri sobre o processo ocorreu em maio de 2023. Zampieri perguntou ao parceiro, “Estamos por quem?”. Andreson diz que o “despacho monocrático teria de deferir” transferência das matrículas e cumprimento de cláusula contratual de suspensão de pagamentos até a baixa das restrições.
A “decisão pronta” que seria levada pelo lobista ao desembargador
A resposta de Zampieri veio cifrada, mas deixou transparecer que estava “em tratativas” com o desembargador Moraes Filho. Ele diz que seria ‘necessário ter certeza se haverá a contrapartida esperada’.
“Anderson, boa tarde, tudo bem? Amanhã eu vou encontrar o .. (pausa) ‘nosso amigo’ lá de manhã, 8h em ponto. Me confirma sobre a liberação daquela ‘escritura’, se eu posso firmar lá com ele, porque ele vai ‘soltar’ até sexta-feira. E se eu confirmar a gente tem que pagar os honorários do… (pausa) ‘advogado’. Fala, que amanhã eu vou tá com ele 8h da manhã. Um abraço.”
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No dia seguinte Zampieri pediu a Andreson que preparasse uma minuta de decisão para ser usada pelo desembargador. O lobista revela que a mulher do empresário, Mírian, poderia escrever o texto. Segundo a Polícia Federal, ela trabalhou na Câmara Municipal de Primavera do Leste e na Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso.
Dois dias depois da troca de mensagens, em 30 de junho de 2023, Andreson enviou a minuta da decisão pedida por Zampieri, com o nome do desembargador Sebastião de Moraes e encaminhamento favorável ao cliente dos dois.
No entanto, os lobistas foram surpreendidos por um imprevisto. O recurso que haviam impetrado não foi acolhido. Em agosto — antes de Moraes Filho assinar a minuta forjada –, o cliente faleceu. O processo acabou suspenso para que os herdeiros pudessem ingressar na ação.
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Os filhos do cliente de Andreson e Zampieri, por sua vez, impuseram um revés aos lobistas, escolhendo outros advogados para a causa. O julgamento do caso aconteceu depois que Zampieri foi executado à bala em Cuiabá.
O inquérito da Operação Ultima Ratio, que levou a Polícia Federal para o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, mostra que esse tipo de procedimento era quase um ‘modus operandi‘ do grupo. A PF suspeita que o desembargador Marcos José Brito teria assinado, sem nem mesmo se dar ao trabalho de ler, uma liminar escrita por um assessor para atender aos interesses comerciais do procurador do Ministério Público de Mato Grosso do Sul Marcos Sottoriva, que também é fazendeiro e estava tentando se desvencilhar de problemas no parcelamento de um negócio de R$ 5 milhões.
Redação Oeste, com informações da Agência Estado
uma pulga atrás da minha orelha me diz: O STF TAMBÉM PRECISA DE UMA INVESTIGAÇÃO PARECIDA COMO ESTA.
este assunto não vem desde cabral , nem tampouco de garotinho (lembram …..??)
este assunto esta disciminado por todos os cantos da república das bananas (ou dos bananas, como queiram)
é sério ?
claro que é sério!
o câncer do nosso querido BRASIL chama-se classe política, associada à classe jurídica. Aí tudo acontece.
nesta seara temos aquilo que podemos considerar como a metastase deste câncer …. o llulladrão/llullarápio que coloca todos os demais no seu bolso. ou não?
pobre e podre Brasil.
O pior é que muitos afirmam esta é a praxe nas “côrtes”, pela música que a banda toca compreensível que assim pensem, explica-se a humkilhação que fazem ao povo impunizando criminosos de todos os matizes? que justi$$a é esta ???
Vergonhoso
Ah se tivéssemos uma investigação como essa em cima do STF. Imaginem a grana que recebeu “o amigo do amigo do meu pai”.
As instituições apodreceram, o país está desaparecendo do mapa e sua população no lixo.
O judiciário está apodrecendo há muito tempo, mas tudo estava camuflado, com os holofotes acesos toda podridão vem à tona e as esperanças de justiça desaparecem.
Suportar um executivo e um legislativo corrupto dá para ir suportando, mas, um judiciário corrupto e autoritário nos deixa órfãos.
Alguém ainda acredita na “justiça”???????????
Tem que revolver todo o judiciário, até chegar novamente ao amigo do amigo meu pai.