Com cerca de 30% da população sem coleta de lixo, o Maranhão é o Estado com a pior taxa do Brasil. Já a Região Norte é a que possui a cobertura mais baixa, com 21,5%. Em todo o país, cerca de 18,4 milhões de brasileiros precisam criar soluções para destinar o lixo, o número representa 9,1% da população.
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Os dados foram publicados nesta sexta-feira, 23, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e mostram as características dos domicílios do Censo 2022.
Dos moradores que não têm acesso à coleta de lixo, 7,9% disseram queimar o lixo no imóvel. Outros habitantes dizem jogar o lixo em terreno baldio, encosta ou área pública, alguns optaram por enterrar os resíduos.
O Brasil registrou um aumento na proporção da população atendida pela coleta de lixo. O Pará, por exemplo, que tem a quarta pior cobertura do país, registrou um aumento de 68% em 2010, para 75,9% em 2022. O Estado vai receber, em Belém, a COP30 — conferência do clima da ONU — em 2025.
Já o Estado com a maior cobertura é São Paulo, onde 99% da população é atendida pela coleta de lixo. É o mesmo porcentual registrado em 2010. O Maranhão também manteve a posição, comparado ao Censo anterior.
Coleta de lixo é pior em cidades pequenas
O acesso aos serviços sanitários é pior em cidades pequenas, especialmente com menos de 5 mil habitantes, onde 78,9% dos moradores são atendidos com coleta de lixo. Em todo o Brasil, 455 municípios com pouca população tinham menos da metade dos moradores atendidos pelo serviço.
De acordo com Jaime Oliveira, pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, o descarte inadequado de lixo pode gerar problemas de saúde pública quando adotados por comunidades inteiras. “É como se fosse um lixão dentro de casa”, disse à Folha de S.Paulo.
Entre os efeitos causados pelo descarte irregular estão: contaminação do solo e corpos de água subterrânea. As ações podem atingir os rios e até poços usados para o abastecimento de água.
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Embora as menores cidades tenham um menor porcentual da população atendida, a gestão de resíduos é mais complicada em grandes cidades e regiões metropolitanas devido ao volume de lixo e à ausência de áreas disponíveis para a construção de aterros sanitários.
Já nas cidades pequenas, os desafios são outros. O principal deles é o custo de instalação de aterros. Muitas vezes criar rotas de caminhões que cubram todos os locais parece inviável, de acordo com a análise do diretor-presidente da Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Agevap), André Marques.
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“O Brasil tem que buscar soluções para cada região, mas acho que elas já existem”, disse à Folha. Segundo ele, as possíveis soluções são aterros compactados, de pequeno porte, que possuem licenciamento simplificado. Além da criação de centros de compostagem, o que reduz a quantidade de lixo destinada aos aterros.