Em delação homologada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-policial militar Ronnie Lessa afirmou que os irmãos Brazão consideravam a vereadora Marielle Franco (Psol) como uma “pedra no caminho” para a expansão dos negócios das milícias no Rio de Janeiro.
A declaração foi televisionada pelo programa Fantástico, da TV Globo, na noite do domingo 26. De acordo com Lessa, Marielle convocava reuniões com lideranças comunitárias para impedir a adesão a novos loteamentos da milícia.
Ele participou de três reuniões com Domingos e Chiquinho Brazão, em 2018, para planejar o assassinato de Marielle. Embora a Polícia Federal (PF) não tenha confirmado esses encontros, Lessa detalhou que o objetivo era regularizar um condomínio em Jacarepaguá, na capital fluminense, para especulação imobiliária.
No vídeo, o ex-PM também mencionou que seria um dos proprietários do empreendimento, que poderia render R$ 10 milhões.
“Ali teria a exploração de gatonet, de Kombis, de venda de gás”, explicou. “A questão valiosa é depois, a manutenção da milícia, porque a manutenção da milícia vai trazer votos. Então, na verdade, eu não fui contratado para matar Marielle, como um assassino de aluguel, não. Eu fui chamado para uma sociedade.”
Ronnie Lessa diz que matou Marielle por promessa de chefiar nova milícia no Rio. O @showdavida teve acesso, com exclusividade, ao vídeo da delação do matador de aluguel.
— GloboNews (@GloboNews) May 27, 2024
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A prisão dos irmãos Brazão, os mandantes do assassinato de Marielle
Chiquinho Brazão, deputado federal pelo estado do Rio de Janeiro, e Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, foram presos em março deste ano durante a Operação Murder Inc, da PF.
No dia 10 de maio, a Procuradoria-Geral da República denunciou os irmãos pelos crimes de homicídio, organização criminosa epela tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves.
Em 16 de maio, o procurador-geral, Paulo Gonet, enviou ao STF um adendo à denúncia sobre o assassinato. A petição pede à Justiça que defina um valor de indenização para os familiares de Marielle Franco e Anderson Gomes. Na lista de denunciados, também estão:
- Rivaldo Barbosa, acusado de usar sua função como delegado da Polícia Civil para obstruir as investigações;
- Ronald Paulo de Alves Pereira, um policial militar que teria a monitorar a vereadora antes da execução e;
- Robson Calixto da Fonseca, que esteve envolvido nas ações.
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