Um levantamento realizado pelo Instituto Locomotiva revelou parte das consequências da pandemia de covid-19 na vida dos estudantes brasileiros que frequentam as escolas.
Atualmente, o Brasil tem um dos dez piores desempenhos do mundo em matemática e um fraco resultado em leitura, segundo a avaliação mundial da educação feita pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico com 79 países.
Esse cenário se agravou em consequência da suspensão do ensino presencial nos últimos dois anos por causa da covid-19. Segundo a organização Todos pela Educação, o número de crianças entre 6 e 7 anos que não sabiam ler nem escrever saltou de 25% em 2019 para 40% em 2021.
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Formação em robótica e programação defasada
Os professores não estão sendo preparados para ensinar os alunos com novas tecnologias, que estão se tornando essenciais no mercado de trabalho. Isso é agravado pela ausência das aulas de programação ou robótica nas escolas brasileiras.
De acordo com o levantamento, só 15% das escolas preveem ao menos uma aula dessas disciplinas, domínios exigidos no mercado de trabalho da era digital. A ausência desse campo de estudo é maior entre escolas públicas (só 13% possuem) do que nas privadas (21%).
Acesso à internet
A pesquisa afirma que 21% dos alunos matriculados nas redes municipais e estaduais de educação básica (8 milhões de estudantes) estão em escolas sem acesso à banda larga.
Das escolas públicas, apenas 37% possuem computadores. Entre as privadas, o índice chega a 54%.
“Antes da crise sanitária, apenas uma em cada cinco escolas das redes pública e privada investia em tecnologia para ensino, o que tornou mais difícil a adaptação às aulas remotas”, afirma o relatório.
Na crise sanitária, a falta de tecnologia na escola ou em casa prejudicou mais os alunos da rede pública, já que quase 40% não possuíam computador no domicílio. Entre os estudantes da rede privada, o número foi de 9%.
“Cerca de 6 milhões de estudantes — da pré-escola à pós graduação — não conseguem fazer aulas remotas por falta de acesso à internet em casa. A maioria esmagadora deles está no ensino fundamental público”, ressaltou o relatório.
Consequências para o mercado
O estudo revela que as consequências da desigualdade no acesso às tecnologias serão vistas no futuro, com o aumento da informalidade do mercado de trabalho e o atraso no desenvolvimento profissional da próxima geração, por causa da formação digital deficiente.
“Com investimento em inclusão digital, é possível quebrar esse círculo vicioso”, observaram os pesquisadores. Ainda segundo a análise, o investimento acelerado na qualificação e requalificação dos trabalhadores pode adicionar pelo menos US$ 6,5 trilhões ao Produto Interno Bruto global até 2030 e criar 5,3 milhões de empregos.
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Na verdade, as escolas (públicas e privadas) estão sob o domínio de uma geração de gestores educacionais oriundos da pedagogia paulofreiriana, com a visão míope de mundo. Mas não são os únicos culpados. Após o período militar, o MEC foi tomado por educadores (adeptos ao FHC) que erradicaram a formação laboral da escola, em seu lugar priorizaram a formação do estudante para aprendizagens cujo objetivo é o ENEM para acesso a universidade antes de ter aprendido uma especialidade que lhe daria acesso ao mundo do trabalho.