Os massacres em escolas brasileiras deixaram marcas profundas na história dos pais das vítimas. A dor de perder os filhos os acompanha diariamente. Em entrevista a Oeste, alguns do pais relatam o drama que vivenciam para superar as cenas de terror que lhes atormentam.
Nadja Gomes, 49 anos de idade, é mãe de uma sobrevivente do massacre de Suzano. Em 13 de março de 2019, dois jovens de 17 e 25 anos invadiram a Escola Estadual Raul Brasil e atiraram contra professores e estudantes. Eles mataram cinco alunos, duas funcionárias e um comerciante. Outras 11 pessoas ficaram feridas, mas sobreviveram.
A filha de Nadja, chamada Susan Gomes, tinha 16 anos na época do atentado e hoje tem 20. Susan desenvolveu crises de pânico, sofre constantemente com problemas no coração e precisa usar uma prótese para manter seus batimentos cardíacos.
Quem também luta para superar o trauma é Andreia Moreira, 49 anos. Ela é mãe de Rosnei Marcelo, o Keké. Na época com 15 anos de idade, Keké ficou diante de Guilherme Taucci Monteiro — um dos responsáveis pelo massacre — na Escola Estadual Raul Brasil. Durante o ataque, o homicida olhou fixamente para o alvo e apertou o gatilho do calibre .38 que segurava nas mãos — mas não havia mais balas. “Quando o assassino recarregou a arma, meu filho saiu correndo e conseguiu fugir”, contou.
Nadja e Andreia
Três anos depois, aos 18 anos de idade, Keké decidiu subir no telhado do vizinho para buscar o gato da família. Morreu ao bater a cabeça na fiação e sofrer uma descarga elétrica. “Hoje, não tenho mais o meu filho”, lamentou Andreia. “Continuo sofrendo, porque tenho outra criança com 14 anos de idade. Em homenagem ao meu filho, vou lutar para ter segurança nas escolas.”
Tanto Keké como Susan conheciam Taucci, ex-aluno da escola em Suzano. Segundo os sobreviventes, o assassino costumava rondar a porta da instituição de ensino. “Um ano e meio antes do atentado, Taucci disse para o meu filho que iria voltar e matar os meninos que o zoavam”, revelou Andreia. “Ele pediu que meu filho ficasse em paz, porque não seria alvo dos ataques.”
No momento do atentado, Susan disse ter reconhecido o assassino. “Ela não gostava do jeito que Taucci a olhava”, disse Nadja, ao contar as lembranças da filha. “Ela se sentia mal.” Quando o homicida apontou a arma, Susan relatou que ficou de joelhos. Taucci disparou, mas o tiro atingiu o garoto ao lado. “O sangue do menino jorrou nela”, lembrou a mãe. “O assassino recarregou a arma, e isso foi a deixa para Susan fugir.”
Taucci e o comparsa, Luiz Henrique de Castro, usaram um calibre .38 e um machado para assassinar inocentes. Depois de alvejar os alunos, o suicida matou seu parceiro de crime e atirou contra a própria cabeça. Um terceiro indivíduo, de 17 anos de idade, foi condenado pela Justiça. Apesar de não ter participado diretamente do atentado, o jovem é considerado seu mentor intelectual. Atualmente, está em liberdade.
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