O deputado federal Sargento Portugal (Podemos-RJ), em entrevista nesta segunda-feira, 12, no programa Oeste Sem Filtro, criticou a iniciativa da Vai-Vai de ter retratado, em uma das alas do desfile do Carnaval em São Paulo, os agentes da Tropa de Choque da Polícia Militar (PM) como demônios.
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Em dezembro de 2023, investigação da Polícia Civil revelou que a Vai-Vai se tornou um reduto do Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior organização criminosa do mundo em movimentação financeira. A tradicional escola de samba, com 15 títulos do Carnaval paulistano, também é alvo de um processo de lavagem de dinheiro que corre em segredo de Justiça
“O crime organizado usar como prateleira o Carnaval não é só em São Paulo”, afirmou o deputado federal. “Uma parte da escola decidiu criticar a PM no momento atual, em que a polícia é o último limite antes do caos, não soa bem.”
Na condição de militar, Portugal também repudiou os gastos públicos de R$ 62 milhões investidos no Carnaval do Rio de Janeiro. Em São Paulo, a Vai-Vai também recebeu R$ 8 milhões da Prefeitura de Maceió para o desfile.
“Investiram esse valor no Rio de Janeiro com o funcionalismo sem receber a 2ª parcela e 3ª parcelas que já venceram e a deste ano”, lembrou o parlamentar. “O que acontece? Será que a festa é para todo mundo ou para poucos?”
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Ele também se mostrou insatisfeito com a postura do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que compareceu ao carnaval do Rio e desfilou na Beija Flor, ao lado de seu presidente de honra, o bicheiro Aniz (Anísio) Abraão David, envolvido em acusações de assassinatos, extorsão e contravenção e condenado a 48 anos de prisão em 2012.
“Eu não iria no lugar dele”, disse Portugal. “A contravenção é algo antigo no Carnaval e vão dizer até que é cultural. A população vai ficando de lado. Empresas poderiam investir o que o Estado investe.”
Cumprimento da pena até o final
Ele também repudiou as chamadas “saidinhas” do presídio e disse ter acompanhado os trabalhos neste início de mês, da Comissão de Segurança Pública (CSP) do Senado, que definiu uma restrição do benefício da saída temporária para presos condenados. A decisão vai a plenário.
Para o deputado tal postura só foi adotada por causa da morte de um policial em Minas Gerais, que viralizou e comoveu pelo drama de seus familiares.
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“Isso só aconteceu porque a notícia viralizou”, afirmou o deputado. “Falta muita coragem para ser feito o que a população espera.”
“Pena para mim tem que ser cumprida até o final”, prosseguiu. “Tenho uma criação severa, como muitos brasileiros, de não mexer no que é dos outros. Se [a autoridade] sinaliza que pode fazer o que quiser, banaliza.”