O Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) identificou que um olheiro alertou os assassinos do empresário Antônio Gritzbach, delator do Primeiro Comando da Capital (PCC), sobre o momento de sua chegada ao saguão do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo.
No Terminal 2 do aeroporto, um alerta sonoro instalado no carro dos assassinos foi ativado, o que sinalizava a chegada de Gritzbach. Pouco depois, às 16h03 da sexta-feira 8, o delator foi morto com 29 tiros de fuzil na frente da namorada e de várias testemunhas. Os assassinos fugiram em um Volkswagen Gol preto.
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O veículo foi encontrado intacto nas proximidades do aeroporto, o que permitiu à polícia identificar o sistema de alerta utilizado. Antes do crime, câmeras de segurança capturaram o carro circulando pela área de desembarque onde Gritzbach chegaria.
Até o momento, a polícia não prendeu os responsáveis, mas investiga 13 policiais. Entre eles estão oito militares que escoltavam Gritzbach e cinco policiais civis denunciados por ele por corrupção.
A morte do delator do PCC
A investigação revelou que alguns desses policiais possuem patrimônio incompatível com seus rendimentos e participam de atividades externas não autorizadas. Além dos policiais, estão sob suspeita integrantes do PCC, um agente penitenciário e uma pessoa que devia dinheiro a Gritzbach.
Gritzbach respondia a processos por homicídio de dois integrantes do PCC e lavagem de dinheiro, mas estava em liberdade. Em abril de 2023, o empersário firmou um acordo de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo, homologado pela Justiça.
O acordo visava a reduzir suas penas em caso de condenações, em troca de informações sobre crimes da facção e de agentes de segurança. Segundo a defesa, um áudio da delação revela que o advogado Ahmed Hassan, juntamente de um policial civil não identificado, ofereceu R$ 3 milhões para matar Gritzbach.
Gritzbach também acusou policiais civis, incluindo um delegado do DHPP, de exigirem R$ 40 milhões para encerrar investigações sobre os assassinatos de integrantes do PCC, dos quais o delator era acusado. A propina, no entanto, não foi paga.
A delação de Antônio Gritzbach
A investigação sobre sua execução revelou detalhes adicionais de seu acordo de delação com o MPSP. Por medo de ser morto pela facção, Gritzbach relatou à polícia, em 2022, que passou 21 dias recluso em casa com sua família. Durante esse período, ninguém saía, nem mesmo para comprar alimentos ou levar as crianças à escola.
Trocas de e-mails entre seus advogados e promotores de Justiça revelaram tensões nas negociações do acordo de delação, que se estenderam por meses. Gritzbach tentou proteger seu patrimônio, incluindo imóveis, lanchas e um helicóptero, o que levou os promotores a ameaçarem rejeitar a proposta de colaboração.
O caso ainda está sob investigação, e a polícia busca novas pistas para identificar os responsáveis pelo assassinato de Gritzbach.
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