O que será que existe por trás destes mares, Pedro?
Quem diria que a velha Terra de Vera Cruz se tornaria uma das maiores economias do mundo? Para quem lembra que fomos descobertos por homens da maior ordem militar, econômica e intelectual da época – a Ordem de Cristo -, não é surpresa que acabamos nos tornando maiores que nossos próprios conquistadores. Essa é a beleza da dicotomia presente na fundação do Brasil.
Nossa Identidade, Nossas Cores
Por vezes, nós, brasileiros, nos esquecemos das nossas raízes, da nossa cultura. E como dizia um filósofo, um homem que desconhece o seu passado, jamais conseguirá ter orgulho do seu presente. A famosa “síndrome de vira lata” desapareceria se resgatássemos os líderes que tiveram o orgulho de ter sangue brasileiro em suas veias. A miscigenação entre indígenas, europeus e africanos nos tornou um país raro, uma cultura acolhedora e diversa, raramente vista na história. Talvez, apenas o Império Romano tenha tido uma capacidade similar de absorção cultural como o Brasil, onde tantos costumes coexistem em harmonia.
O que faz você se orgulhar de vestir a amarelinha? Muitos associam o amarelo ao ouro e o verde à vegetação, mas, na verdade, o verde representa a família Orleans de Bragança e o amarelo, a dinastia dos Habsburgos. Ambas eram as famílias mais poderosas da Europa, tamanha era a importância do Brasil no 7 de setembro de 1822, dia da nossa independência.
Um Ateniense em Solos Brasileiro
Neste contexto, surge um dos maiores estadistas brasileiros – José Bonifácio de Andrada e Silva. Filho de uma família aristocrática, estudou na Universidade de Coimbra. Ele presenciou de perto o caos da Revolução Francesa e chegou a lutar contra as tropas napoleônicas na invasão de Portugal. Quando D. João VI retornou a Portugal, deixando o Brasil nas mãos de D. Pedro I, Bonifácio foi o primeiro a reconhecer o poder do novo príncipe regente, pedindo que ele permanecesse no país. Ele temia que o Brasil se fragmentasse, como aconteceu com nossos vizinhos hispânicos.
Bonifácio foi um dos líderes políticos na independência brasileira e escreveu 200 leis em 1 ano. Mesmo após ter criado oposição a D. Pedro I, o mesmo, na carta de sua morte, pediu para que Bonifácio assumisse como tutor de seu filho D. Pedro II, reconhecendo-o como o homem mais virtuoso do Brasil. Antes de morrer, disse o seguinte: “O brasileiro será o novo ateniense se não cair na tirania do Estado.” Infelizmente, caímos.
O Imperador que Não Era Imperador
No século XIX, tivemos o maior empreendedor que o Brasil já conheceu. Se hoje admiramos Steve Jobs ou Elon Musk, o Barão de Mauá foi ainda mais poderoso, mas poucos brasileiros conhecem sua biografia. Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, foi maior que o próprio império brasileiro. Criou a primeira indústria do Brasil, a primeira ferrovia, fundou o Banco do Brasil, trouxe luz para as cidades, criou comércios estrangeiros, foi abolicionista e intelectual.
Mauá, filho de agricultores, começou cedo no Rio de Janeiro e, aos 14 anos, já tinha uma responsabilidade equivalente a um VP de finanças. Exposto aos ideais do livre mercado de Adam Smith, ele teve a sorte de encontrar um mentor escocês que o ensinou sobre negócios. Após uma viagem a Londres, Mauá trouxe inovações para o Brasil, usando mão de obra qualificada, oferecendo participação nos lucros e criando indústrias. Seu maior legado talvez não sejam suas empresas, mas sua mensagem: “Labor Improbus Omnia Vincit” – com esforço, tudo se conquista.
Ciência e Inovação – Nós Temos
Ah, mas o Brasil nunca formou nenhum grande cientista! Será mesmo? A viagem rápida de São Paulo até Londres? Agradeça a Santos Dumont, o pai da aviação. Que horas são? Dumont inventou o relógio de pulso. Feliz por tomar um banho quente? Agradeça a ele mais uma vez.
Era Uma Vez um Bisavô Imigrante..
Todos nós já ouvimos histórias de um bisavô que veio como imigrante da Europa e com muito suor, sangue e lágrimas mudou de patamar deixando um legado que os bisnetos usufruem até hoje – Francesco Matarazzo foi um deles. Antes de embarcar para o Brasil, gastara todo o seu dinheiro na compra de banha de porco para trazer e comercializar no Brasil, no entanto, a sorte não estava ao seu lado. Logo ao desembarcar, toda a sua mercadoria afundou no mar e ele ficou literalmente sem um centavo no bolso em um país em que nem a sua língua falava. Pois bem, no final da vida morreu como o 5° homem mais rico do mundo. Tempos difíceis criam homens fortes — uma verdade metafísica incontestável.
O Sonho Grande
E o que falar sobre Jorge Paulo Lemann e seus sócios que construíram o mercado financeiro no Brasil – um dos mais desenvolvidos no mundo? No começo do século XXI, tiveram a coragem de comprar a Anheuser-Busch da Bélgica, formando a maior cervejaria do mundo. Algo quase impossível, mas é justamente neste termo — quase impossível — que se define a virtude da coragem. Coragem é quando nos propomos a fazer algo cujas chances são estatisticamente ínfimas e, mesmo assim, o fazemos. Isso me lembra da invasão de Alexandre o Grande ao Império Persa com 40 mil homens e suprimentos para apenas 30 dias, quando o império tinha mais de 300 mil combatentes. O mais lógico era o inverso acontecer, assim como seria lógico que a Anheuser-Busch comprasse a Ambev. Um empreendedor é do tamanho do seu sonho, e o Brasil tem a sorte de ter empreendedores cujos sonhos não foram grandes demais.
Lideranças Femininas
E, por último, nossas inspiradoras lideranças femininas: Princesa Isabel, que é a melhor imperatriz que nunca tivemos, que enfrentou grupos de poder para abolir o fim da escravidão – e assim o fez – mesmo sabendo que isso representaria o fim da família imperial. Maria Quitéria, que foi a 1°militar brasileira lutando na guerra da independência do Brasil. Gisele Bündchen, ícone global de beleza. Cristina Junqueira, fundadora do Nubank – a maior fintech B2C do mundo que é usada como case de sucesso pelos melhores empreendedores do Silicon Valley. Exemplos não faltam!
Brasil, Eu Te Amo!
Ser patriota não é só colocar a bandeira e ir a ruas. Temos pais, irmãos e amigos que moram aqui. E, se por meio das nossas empresas e lideranças fizermos o Brasil 1% melhor, estaremos fazendo a vida das pessoas que amamos um pouco melhor – isso é patriotismo, é por isso que vale a pena lutar.
O Brasil não fica atrás de nenhuma nação próspera. Como dizia Ludwig von Mises “A principal diferença entre um país desenvolvido e um emergente é o acesso à capital.” Precisamos de mais Bonifácio’s, Mauá’s, Matarazzo’s, Dumont’s e Cristina’s. Nosso passado é virtuoso, só perde para o belíssimo futuro que temos pela frente. Como diria Ayrton Senna “Quando penso que cheguei ao limite, descubro que tenho forças para ir além”. Este é o nosso país. Brasil, eu acredito, eu te admiro, eu te amo – eu te construo!
11° Fórum Caminhos da Liberdade
No dia 11 de Outubro/2024, teremos o maior fórum de liderança do Brasil promovido pelo IFL-SP (Instituto de Formação de Líderes). O evento “Quem Construiu o Brasil“ acontecerá no Teatro B32 na Faria Lima. Infelizmente não podemos conversar com o Barão de Mauá, ou Bonifácio, no entanto, estarão presentes no evento nomes como Marcos Lisboa, Wilson Poit, Guilherme Freire, entre outros líderes que estão construindo o Brasil hoje! Vagas limitadas*
* Por Marcelo Bragaglia, CEO na Scalable e associado do IFL-SP (Instituto de Formacao de Lideres de Sao Paulo).