A pandemia de covid-19 atrasou o acesso a atendimentos ou tratamentos para câncer em quase 70% dos pacientes em 11 países da América Latina, inclusive do Brasil. A informação faz parte de um estudo realizado pela organização Americas Health Foundation, que analisou o histórico de pacientes de organizações de saúde.
A situação faz com que o prognóstico ocorra de forma tardia, reduzindo as chances de cura e obrigando o emprego de tratamentos mais caros e complicados.
O estudo coletou dados de 102 organizações de saúde. Além delas, 266 profissionais que atuam com oncologia também participaram, ao responder questionários e dar entrevistas aos pesquisadores.
O resultado foi que, entre as instituições de saúde, quase 70% relataram que os pacientes mencionaram atrasos na recepção de tratamento ou atendimento médico. Outros 15% relataram que, desde o início da pandemia, não acessaram nenhum tratamento ou atendimento médico.
No caso dos médicos, eles disseram que cerca de 93% dos pacientes já apresentavam um estágio avançado da doença quando o prognóstico foi realizado.
Segundo a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, uma razão da dificuldade de acessar os tratamentos se deu porque houve um período em que consultas e exames sem urgência foram cancelados.
O levantamento é assinado por médicos dos países que compuseram o estudo. Do Brasil, Fernando Maluf, diretor médico associado do Centro Oncológico da Beneficência Portuguesa, colaborou com a pesquisa.
“A realidade de uma nova onda de casos de câncer que chegará com maiores dificuldades será notavelmente exacerbada pelo impacto econômico significativo que a pandemia tem tido sobre os países da região, já que esses futuros pacientes terão diagnósticos posteriores e seu tratamento será mais complicado”, concluiu o estudo.
Em 2020, 1,5 milhão de pessoas foram diagnosticadas com câncer na América Latina, sendo o de próstata e o de mama os mais frequentes em homens e mulheres, respectivamente.