Com o verão, temperatura e umidade tendem a aumentar consideravelmente. Tal cenário cria um ambiente perfeito para a proliferação do Culex quinquefasciatus.
Esse é o nome científico do pernilongo ou da muriçoca. O (im)popular inseto é conhecido pela coceira que suas picadas causam.
Com a fama e a infâmia dos pernilongos, vêm também os recursos, as técnicas e as fórmulas para evitar o incômodo causado pelo bicho. Alguns são eficazes, outros nem tanto. Confira.
Pernilongos preferem certos “tipos” de pessoas
Verdade. Transpiração e temperatura corporal influenciam o “apetite” desses insetos.
“Algumas substâncias expelidas na transpiração, como ácido lático, ácido úrico e amônia, são atrativas para os mosquitos”, explicou Júlio Onita, infectologista do Hospital Igesp, ao jornal O Estado de S. Paulo. “Além disso, estudos mostram que os alvos preferidos são os homens adultos, o que acontece devido ao odor característico expelido pela sua pele.”
Flávia Virginio, pesquisadora e especialista do Instituto Butantan, avisa que os “mosquitos são atraídos por dióxido de carbono (CO2) e ácido lático”. Portanto, “quem respira de forma mais ofegante, emitindo mais CO2 por minuto, ou transpira mais, liberando mais ácido lático por minuto, é o principal alvo das fêmeas, que picam para sugar o sangue”.
De acordo com a pesquisadora, alguns estudos começam a desvendar por que os pernilongos se interessam mais por esse ou aquele tipo sanguíneo. No entanto, ainda não se chegou a um consenso.
“Talvez daqui a alguns anos”, estima Flávia, “com estudos mais robustos, possamos demonstrar que, de fato, a atração dos mosquitos também tenha alguma relação com essa característica”.
Vitaminas do complexo B ajudam a repelir os pernilongos
Mito. Não há evidências científicas de que eles “percam o apetite” pelo sangue de quem as toma com frequência.
Além disso, cada organismo metaboliza as vitaminas de um jeito. A pele humana não as expele por padrão.
Existem repelentes naturais de pernilongos para passar na pele
Parcialmente verdadeiro. De acordo com a sabedoria popular, alguns líquidos, se passados na pele, ajudam a afugentar os desagradáveis sugadores de sangue.
Por exemplo, os óleos de citronela, manjericão, lavanda, cravo-da-índia e melaleuca. O vinagre de maçã também leva essa fama.
Alguns desses produtos podem ajudar, mas não aplicados de maneira isolada. Eles devem se associar a outras substâncias, ou seja, fazer parte da composição de repelentes industriais efetivos.
Repelentes caseiros não contam com padronização e testagem, como os industriais. Por esse motivo, não seria possível garantir sua eficácia.
Velas e repelentes liberam aromas que espantam os pernilongos
Depende. Em ambientes fechados, sem corrente de ar, esses recursos podem ser eficazes. Existem velas e dispositivos eletrônicos com aroma de citronela e de cravo, por exemplo.
“Mas é sempre bom ler os rótulos dos produtos”, alerta Flávia. “Para ter certeza de que eles foram testados de forma séria, garantindo que não se trata de algo tóxico para nós, as crianças e os animais.”
O que ajuda, de fato, a prevenir as picadas
As boas e velhas barreiras físicas são grandes aliadas na guerra contra os pernilongos. Telas em janelas, telas ao redor de camas (comuns em algumas localidades do país) e roupas leves e claras que cubram mais o corpo, por exemplo.
Quanto aos repelentes, é importante atentar para sua composição. “Existem três substâncias utilizadas nesse tipo de produto que são aprovadas pela Anvisa: a DEET (N,N-dietil-3-metilbenzamida), a icaridina e a IR3535 (etilbutilacetilaminopropionato)”, descreveu Denis Miyashiro, dermatologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, ao Estadão.
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“Agora, é preciso ficar atento ao fato de que alguns repelentes têm restrições para o uso em crianças menores de 2 anos e gestantes.” Olho no rótulo, portanto.
Outro tipo de repelente eficaz são os ultrassônicos ou os “de tomada”. Eles emitem ondas sonoras capazes de repelir os insetos.
Inseticidas em aerossol também são eficazes. Mas aqui cabe o cuidado de não borrifar na presença de pessoas e animais de estimação, nem perto de alimentos, de plantas, do fogo ou de superfícies muito quentes.
É o fim da picada: como amenizar os sintomas
Na maioria dos casos, em que o incômodo se resume à coceira, basta esperar parar de coçar. Para quem quiser aliviá-la, “indica-se passar uma pedra de gelo ou pomada antialérgica no local”, orienta Onita, do Igesp.
Miyashiro, do Oswaldo Cruz, complementa que, “para casos mais intensos, com múltiplas picadas ou lesões muito sintomáticas, é indicado fazer o tratamento com medicamentos tópicos (cremes e pomadas) e sistêmicos (via oral)”. Esses santos remédios “aliviam a inflamação e a sensação de coceira”.
Nesses casos de sintomas alérgicos mais sérios ou extremos, portanto, é importante recorrer a um médico. O profissional saberá prescrever o melhor tratamento para uma situação de maior gravidade.
Dica-bônus: saiba a diferença entre o pernilongo comum e o que transmite a dengue
Todo Aedes aegypti é um pernilongo, mas nem todo pernilongo é um Aedes aegypti. O “odioso do Egito”, nome que deriva do latim e do grego, é responsável por transmitir doenças como dengue, zika, chikungunya e febre-amarela.
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É relativamente simples distinguir um do outro. Enquanto o pernilongo comum tem cor “de palha”, ou seja, um tom de bege escuro, o temível mosquito da dengue é preto, com patas listradas em preto e branco.
Pode parecer difícil, mas, observado de perto (com o inseto morto, de preferência), essas listras são bem nítidas e contrastadas, como se o mosquito tivesse sido pintado à mão. Com a prática, é possível diferenciá-los em pleno voo.
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