A Polícia Civil do Rio de Janeiro deu início, nesta segunda-feira, 25, à Operação Bisturi. Trata-se de uma ação destinada a combater fraudes em planos de saúde.
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Segundo os agentes, o crime teria causado um prejuízo de R$ 50 milhões para operadoras como Bradesco Saúde, Amil, Golden Cross e SulAmérica. O esquema operava na capital e na Baixada Fluminense, conforme informações das autoridades. A investigação começou há três anos, depois de denúncia da Bradesco Saúde à Delegacia do Consumidor.
Duas táticas usadas pelos criminosos no Rio de Janeiro
Ao jornal O Globo, o delegado Wellington Vieira descreveu duas táticas principais usadas pelos criminosos. A primeira era a obtenção de liminares judiciais para autorizar cirurgias a preços inflacionados, muitas vezes não realizadas.
A outra era a utilização de falsos médicos que solicitavam reembolsos por serviços não prestados. De acordo com a investigação, eles usavam nomes de médicos que já morreram. Para coletar provas, agentes cumpriram 15 mandados de busca e apreensão em locais como Barra da Tijuca, Leblon, Ipanema, Jacarepaguá e Duque de Caxias.
Os alvos incluíam advogados e médicos. As buscas visavam a apreender documentos, celulares e dispositivos eletrônicos que auxiliem nas investigações. A operação também revelou o envolvimento de médicos legítimos.
Cassio Ide Alves, diretor técnico-médico da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), afirmou ao Globo que o uso de órteses e próteses no esquema não é surpreendente em virtude do alto valor desses materiais.
Ele ainda afirmou que, embora o esquema seja mais sofisticado, é uma evolução de práticas investigadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Próteses, em 2015. Além disso, Alves ressaltou a necessidade de avançar na tipificação de crimes de fraude em saúde.
Prejuízos em razão das fraudes
No ano passado, um relatório do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) e da consultoria EY estimou perdas no setor de saúde suplementar entre R$ 30 bilhões e R$ 34 bilhões, em razão das fraudes.
O número representa de 11,1% a 12,7% da receita total do setor. A Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que representa grandes operadoras como Bradesco Saúde e SulAmérica, afirmou que as fraudes prejudicam não apenas as empresas, mas também os usuários.
A Bradesco Saúde declarou, em nota, que “repudia e atua fortemente contra a prática de fraudes no setor de saúde suplementar, que impactam todo o sistema”.
A SulAmérica, por sua vez, destacou o uso de tecnologia e inovação para proteger mais de 5 milhões de usuários. Essa medida, de acordo com a operadora, “garante atendimentos por profissionais qualificados”.