Rafaela Maria, 34 anos, contou que foi vítima de um aborto forçado num motel de Augustinópolis (Tocantins). Ela apontou o médico Erivelton Teixeira Neves (PSB), que é prefeito da cidade de Carolina (Maranhão), como autor do crime. As informações são dos sites G1 Maranhão e Imirante e foram publicadas na segunda-feira 8.
Apesar de a história ter vindo a público agora, o crime do aborto forçado teria ocorrido em 2017, quando Erivelton estava em seu primeiro mandato. A Polícia Civil e o Ministério Público do Tocantins também acusam Erivelton, que já é réu no caso.
A Justiça de Tocantins também tornou réu um vereador de Carolina, Lindomar da Silva Nascimento, que em 2017 era motorista de Erivelton e teria ajudado a cometer o crime.
O aborto forçado
Tanto Augustinópolis, em Tocantins, como Carolina, no Maranhão, fazem parte da região do Bico do Papagaio, uma área de transição entre o cerrado e Amazônia, que vai do extremo norte de Tocantins até o sudoeste do Maranhão e o sudeste do Pará.
Segundo Rafaela, eles começaram um relacionamento em 2010 e se separaram depois de três anos, quando ela descobriu que Erivelton era casado.
Conforme informações da denúncia do Ministério Público, a relação passou a ter idas e vindas, depois da descoberta de Rafaela. O fim do caso amoroso ocorreu depois de Erivelton fazer o aborto forçado em Rafaela.
Em novembro de 2016, o casal teria reatado, mas Erivelton continuava casado. A gravidez foi descoberta cerca de cinco meses depois.
Em 2 de março de 2017, por volta das 11 horas, Erivelton teria buscado Rafaela em casa, dizendo que faria um exame com um aparelho de ultrassonografia portátil: era a primeira vez que eles se encontravam depois de descobrirem que seriam pais. Eles foram para um motel em Augustinópolis, onde ele teria feito o aborto sem Rafaela saber.
Segundo a denúncia, Erivelton disse que iria tirar sangue da vítima para fazer exames. Em vez disso, ele teria injetado um sedativo, que fez Rafaela perder a consciência, para que ele pudesse fazer uma curetagem, com a ajuda de Lindomar.
Erivelton e Lindomar teriam deixado Rafaela sozinha em casa, na cidade de Axixá (Tocantins) no fim da tarde daquele dia, mesmo ela estando debilitada, por causa do aborto forçado.
Antes de sair da casa, Erivelton levou o exame de sangue que confirmava a gravidez e o cartão de gestante de Rafaela.
“Me senti um lixo, destroçada, me senti humilhada e enganada”, disse Rafaela ao G1. “Cheguei a sentir raiva de mim mesma por ter confiado nele e fiquei muito mal.”
Ao jornal O Estado de S. Paulo, a equipe de defesa do prefeito e do vereador limitou-se a informar que eles não foram noticiados da ação em que se tornaram réus, sob a acusação de terem cometido um aborto forçado.
Vítima pediu ajuda ao vereador: “Como ele raspou meu útero?”
O Jornal do Tocantins teve acesso a prints de mensagens em que Rafaela pedia ajuda a Lindomar, que, segundo a denúncia, intermediava o contato entre a vítima e o médico.
“Lindomar, eu estou com muita dor, e ele não me passou nenhum remédio para tomar”, dizia Rafaela. “E ainda me deixa aqui sem nem saber como me tratar. Ele fez um aborto sem meu consentimento.”
Repassando informações de Erivelton, Lindomar teria orientado Rafaela sobre medicação e alimentação, dizendo que os sintomas que ela sentia eram normais.
A denúncia contra o prefeito e o vereador de Carolina foi aceita no dia 20 de abril pelo juiz Alan Ide Ribeiro da Silva, da 2º Escrivania de Augustinópolis.
“É a forma mais grave de aborto”, disse o promotor de Justiça Elizon de Sousa Medrado, sobre o caso. Medrado também disse que se trata de um “crime que quem julga é a sociedade”, que vai ao Tribunal do Júri.
Erivelton e Lindomar vão responder pelo crime de provocar aborto sem consentimento da gestante e a pena é de apenas três a dez anos de prisão. Erivelton também é investigado por nepotismo.
Como medida de segurança, Rafaela agora mora fora do país. “Erivelton foi reeleito, mesmo depois de a história sair em alguns lugares. Eu sempre saí como a mentirosa e oportunista. Agora eu moro fora do país, porque, no Brasil, eu já não estava segura”, disse Rafaela, que ainda faz tratamento para estresse pós-traumático.
Todo são maiores de 18 anos e são responsáveis por seus atos. Esse caso precisa ser mais investigado, não para incocentar esse político, que pelo relato, é um criminoso juntamente com seu auxiliar; mas para ver qual é a participação dessa mulher nesse assassinato. Se ela foi vítima ou não.