A aparência dócil de Mani, um vira-lata de 4 anos, não mostra sua atuação em favor das forças de segurança de São Paulo. Mas ele é o primeiro cão perito da Policia Científica paulista. Treinado para detectar sangue humano, o cachorro já atuou em 30 ocorrências.
Mani tem sido destaque no trabalho de perícia da Polícia Científica de São José dos Campos, no interior de São Paulo. Ao contar a história do cão-perito, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informa que Mani tem olfato apurado para detectar sangue nas investigações de homicídios.
A divisão de São José dos Campos da Polícia Civil afirma, segundo a SSP-SP, que Mani é o único animal do Brasil e da América Latina a farejar sangue mesmo que o local já tenha sido lavado. Ele atua na equipe de peritos desde 2020.
O cão faz parte de um projeto pioneiro no país. Adotado pela Polícia Civil com 40 dias de vida, Mani começou a ser treinado para detectar sangue humano. O treinamento durou dois anos.
Seu tutor, João Henrique de Oliveira Machado, perito criminal em São José dos Campos, encontrou Mani durante um trabalho de campo, no fim de 2019.
“Estávamos fazendo perícia em um local de crime quando vi ele ali, órfão”, conta Machado. “A gente já tinha a ideia incubada de montar o projeto, nisso o adotei e iniciei o protocolo.”
A ideia do projeto era relacionar a aparência dócil do vira-lata com sua efetividade em campo. Para isso, seu nome foi inspirado pela abreviação de manioca, que é mandioca em tupi-guarani.
O perito explica que a “mandioca fica escondida e é um alimento que se revela”. Nesse sentido, Machado reforça que “no projeto, a ideia era revelar um vestígio que estava oculto.”
Mani acelera processos de investigação da Polícia Científica
O trabalho da perícia em um local de crime pode durar entre quatro ou cinco horas, dependendo do estado do local, e necessita do uso de reagentes químicos. Segundo dados da SSP-SP, o cão Mani ajuda na economia em termos de utilização de luminol e na agilidade do serviço.
De acordo com o superintendente da Polícia Técnico-Científica de São Paulo, Claudinei Salomão, a perícia é um processo dificultoso “pela quantidade de substâncias químicas que temos que usar”.
“O cão consegue direcionar o uso do reagente químico que custa muito caro para a gente. Isso leva a agilidade da perícia e economia de custo”, ressalta Salomão.
O projeto pioneiro de São Paulo está sendo desenvolvido e aperfeiçoado para o uso de novos cães farejadores de sangue pelo país.