Na quinta-feira 6, o anúncio feito pela Uber de que desativará seu serviço de entrega de comida de restaurantes foi recebido com apreensão pelo setor. Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), a situação acendeu um alerta no setor, uma vez que outra plataforma de entrega, a Delivery Center, também anunciou o fim de suas atividades no país no último mês.
Em nota, a Uber informou que a decisão ocorreu em razão de uma mudança de estratégia de negócios. “A empresa vai trabalhar em duas frentes: com a Cornershop by Uber, para serviços de intermediação de entrega de compras de supermercados, atacadistas e lojas especializadas; e com o Uber Flash, para serviços de entrega de itens pessoais”, diz o texto.
Na avaliação do presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, a concorrência com a empresa líder desse mercado, o iFood, pode ter contribuído para o encerramento da operação da Uber Eats. Segundo Solmucci, o iFood exige que restaurantes assinem contratos de exclusividade com o aplicativo, dificultando a negociação com outras companhias. “O fato de a Uber Eats ter encerrado as atividades apenas por aqui é um indicativo de que esse mercado esteja adoecido, precisando de um remédio mais forte”, afirma Solmucci.
Processo
Solmucci lembra ainda que a Abrasel entrou como parte interessada, junto com a Uber Eats e a 99 Food, em um processo aberto pela Rappi no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), pedindo o fim dos contratos de exclusividade impostos pelo iFood. Em março de 2021, o Cade acatou parcialmente o pedido e proibiu a realização de novos contratos semelhantes. O setor aguarda ainda que a orientação passe a valer para as negociações anteriores ao novo entendimento.