A partir desta segunda-feira, 31, o antigo prédio da Escola Municipal República Argentina, em Vila Isabel, na zona norte do Rio, passará a sediar o Centro Multidisciplinar para Tratamento Pós-Covid-19 do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). A unidade terá dimensão nacional, mas o grupo prioritário de atendimento são os 35 mil sobreviventes de covid-19 grave só na cidade do Rio, afirma Paulo Benchimol, coordenador do novo Ambulatório Pós-Covid-19. “E isso se forem considerados apenas os internados em UTI. Mas sabemos que mesmo pacientes que não chegaram a apresentar um quadro grave podem apresentar complicações, às vezes piores do que a própria covid-19”, complementa.
De acordo com o diretor do Hupe, Ronaldo Damião, no começo serão 50 atendimentos por dia, mas a intenção é chegar a 300. Além de fazer atendimento no SUS (por meio da Central de Regulação), o centro vai realizar pesquisas sobre temas como o impacto das vacinas, componentes genéticos que tornam certos indivíduos mais vulneráveis ao novo coronavírus e os fatores que levam à síndrome pós-covid-19, que atinge 10% de todos aqueles que tiveram a doença, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1,6 milhão de pessoas no Brasil.
O sequenciamento genético de amostras de pacientes em busca de alterações associadas à vulnerabilidade é um dos estudos já em andamento. “Pense que só 20% dos infectados pelo coronavírus adoecem com algum grau de gravidade. Por que essas pessoas? Existem comorbidades, mas há fatores genéticos e de resposta do sistema imunológico que certamente fazem diferença de vida e morte. Temos analisado a resposta celular de sobreviventes e de vítimas da chamada síndrome pós-covid-19 em busca de respostas”, afirma o coordenador do Laboratório de Histocompatibilidade e Criopreservação do Hupe, Luis Cristóvão Porto.
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