O azeite extravirgem é tido como opção mais saudável, em comparação ao óleo comum de cozinha. No entanto, essa superioridade tem seu preço, que só tem aumentado.
+ Leia mais notícias de Brasil em Oeste
O Paladar, site gastronômico do jornal O Estadão de S. Paulo, convidou jurados para testarem as 20 marcas de azeite com as melhores avaliações, para decidirem qual oferece o melhor produto. O ingrediente pode custar até R$ 70.
O teste, às cegas, aconteceu em uma área reservada da Padaria Le Blé, em São Paulo. Fábio Pasquale, chef padeiro da casa, avaliou a experiência como positiva, especialmente para compreender melhor as diferenças entre as marcas.
No teste, os jurados receberam amostras dos 20 azeites de uma só vez. Entre uma prova e outra, eles beberam água com gás e comeram fatias de maçã verde para limpar o paladar.
Como os azeites são avaliados
Ao Paladar, Ricardo Castanho, especialista em azeites de oliva, explica que os produtos nessa faixa de preço são muito próximos, sensorialmente falando. De acordo com ele, quase todas as marcas apresentam algum defeito com relação ao aroma e à fermentação do fruto.
Leia também: “Azeite brasileiro é um dos 10 melhores do mundo”
Conforme o especialista, outro ponto importante a se considerar é que os azeites extravirgem também apresentam intensidade de sabor baixa, às vezes nula, nos quesitos frutado (aroma), amargor e picância. Os jurados avaliam esses fatores.
“O azeite extravirgem é um azeite com parâmetros que o definem como extravirgem segundo a legislação”, disse Glenda Haas, produtora do azeite premium Lagar H. “Um azeite de alta qualidade apresenta uma gama enorme de aromas positivos e diferentes.”
Leia também: “Azeite pode reduzir risco de contrair Alzheimer”
Castanho revela que “os azeites avaliados têm 75% de gordura monoinsaturada, portanto, são produtos saudáveis”.
O especialista explica que “a experiência sensorial, no entanto, fica bastante afetada por não serem azeites de alta qualidade”. Isso significa que o sabor do produto cru na finalização de um prato ou no tempero de uma salada pode atrapalhar mais do que ajudar.
Confira os 20 azeites avaliados pelos jurados
- Andorinha (R$ 40,99, garrafa com 500 ml) — Os jurados avaliaram esse produto como insosso e rançoso, com defeito de fermentação e aroma levemente floral.
- Borges (R$ 34,29, garrafa com 500 ml) — A fermentação do azeite é “defeituoso”, e esse produto foi avaliado como de sabor acético (avinagrado) e rançoso.
- Carbonell (R$ 33,52, garrafa com 500 ml) — Conforme o Paladar, um dos jurados comparou o sabor do produto ao de remédio. O azeite apresentou defeitos de fermentação evidentes, amargor desagradável. No quesito picância, ele é “equilibrado”.
- Cocinero (R$ 31,99, garrafa com 500 ml) — O azeite em terceiro lugar na lista dos melhores avaliados pelos jurados. Ele possui um aroma fermentado, intensidade média, leve aroma frutado maduro; amargor e picância suaves. Um azeite sensorialmente virgem com leve defeito de aroma.
- De Cecco (R$ 59,00, garrafa com 500 ml) — Esse azeite tem um aroma muito forte de fermentado, bastante ranço e sem picância.
- Fillipo Berio (R$ 35,99, garrafa com 500 ml) — Defeito evidente de fermentação, além de o sabor não agradar os jurados.
- Gallo (R$ 41,90, garrafa com 500 ml) — O azeite popular não agradou aos jurados por conta do sabor insosso o residual rançoso na boca.
- Las Docientas (R$ 37,99, garrafa com 500 ml) — Esse azeite foi considerado o melhor dentre os 20. Com amargor e picância equilibrados, aroma levemente verde, ou herbáceo, além de um toque de alcachofra. Um produto com defeitos menos intensos que os apresentados pelas demais marcas.
- La Pastina (R$ 49,00, garrafa com 500 ml) — O produto não teve uma boa avaliação dos jurados; perdeu pontos por conta dos defeitos de fermentação muito evidentes.
- Mamma Bia (R$ 44,98, garrafa com 500 ml) — Os jurados avaliaram esse azeite com “sabor picante que incomoda”. Defeito de fermentação evidente com toque acético (avinagrado).
- Midas (R$ 67,85, garrafa com 500 ml) — Único azeite grego da lista, apresentou um aroma levemente floral, um pouco fermentado, e leve picância.
- Nova Oliva (R$ 30,48, garrafa com 450 ml) — Os jurados notaram no produto levemente fermentado notas acéticas e sabor rançoso semelhante ao de nozes passadas.
- O-live & CO (R$ 39,88, garrafa com 500 ml) — Esse produto ocupa a segundaª posição da lista. Picância é o fator mais marcante do produto, considerado de sabor potente pelos jurados, com leve defeito de fermentação.
- Oliveira da Serra (R$ 36,49, garrafa com 500 ml) — Um azeite com muitas notas de fermentação, picância leve demais e com defeito aromático considerável.
- Paganini (R$ 57,99, garrafa com 500 ml) — Outro azeite com poucos atributos positivos. Aroma muito forte de fermentado e ausência de amargor e picância foram alguns dos pontos que renderam nota baixa na avaliação.
- Qualitá (R$ 34,29, garrafa com 500 ml) — Os jurados avaliaram o azeite como de amargor ruim na boca e aroma excessivo de fermentado. Seus defeitos encobrem qualquer possibilidade de pontos positivos.
- Quinta Nova Do Douro (R$ 37,90, garrafa com 500 ml) — O azeite não agradou aos jurados, que o classificaram como totalmente insosso e com defeito de fermentação evidente. A viscosidade na boca incomodou bastante.
- Rafael Salgado (R$ 58,00, garrafa com 500 ml) — Esse produto apresentou um aroma muito forte de fermentado, untuosidade desagradável na boca, sem pontos positivos nos quesitos amargor e picância.
- Raiola (R$ 49,00, garrafa com 500 ml) — Azeite com aroma de fermentado e sabor insosso.
- Uniagro (R$ 54,12, garrafa com 500 ml) — O produto teve defeito de fermentação evidente, que também não agradou a nenhum dos jurados, que consideram o sabor picante pouco agradável.
Estêvão Júnior é estagiário da Revista Oeste em São Paulo. Sob a supervisão de Bruno Lemes