O governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), criticou o desfile da escola de samba Vai-Vai, que inseriu símbolos diabólicos na figura de policiais em seu desfile. “Se eu fosse jurado, daria nota zero no quesito fantasia”, afirmou Tarcísio, em entrevista coletiva, na quinta-feira 15.
“Achei de péssimo gosto, porque a polícia é uma instituição bicentenária, que a gente tem que ter respeito”, defendeu o governador. “Quando estamos na necessidade, a quem recorremos? Aos policiais. E não é só nas questões de segurança pública, mas nas ações de defesa civil, quando uma pessoa se engasga, nas ocorrências de trânsito, de afogamento. Quantas vidas os policiais salvam?”, perguntou.
Temática do desfile
No desfile do sábado de Carnaval, no Sambódromo do Anhembi, uma ala da agremiação retratou a Tropa de Choque da Polícia Militar com características que remetem ao diabo, como asas e chifres vermelhos. Para Tarcísio, a conduta da agremiação foi “agressiva”.
“Policiais são pessoas como nós, que têm ideais, que acreditam em um sonho”, continuou o governador. “Eles são excelentes profissionais, não devem nada pra ninguém, enfrentam o combate nas ruas todos os dias. Esse tipo de deboche não fica legal, é ruim, é agressivo, é de péssimo gosto; nota zero pra eles”.
Confira na íntegra o posicionamento do governador de São Paulo:
"Se eu fosse jurado, daria nota zero" Disse Tarcísio sobre a Vai-Vai. pic.twitter.com/402YcdCZSY
— Pavão Misterious ???? ???????? (@misteriouspavao) February 15, 2024
Possível punição
Tarcísio não foi o único a se pronunciar contrário à escola de samba. Um ofício dos deputados federais Capitão Augusto (PL) e Dani Alonso (PL) foi enviado à Prefeitura de São Paulo para pedir punição e corte de verbas públicas da Vai-Vai.
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O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) também repudiou o desfile da Vai-Vai, por meio de um comunicado.
“A escola de samba, em nome do que chama de ‘arte’ e de liberdade de expressão, afronta as forças de segurança pública, desrespeita e trata, de forma vil e covarde, profissionais abnegados que se dedicam, dia e noite, à proteção da sociedade e ao combate ao crime, muitas vezes, sob condições precárias e adversas, ao custo de suas próprias vidas e família”, diz a nota.
Assista a um trecho do desfile da Vai-Vai:
Ligações com o PCC
Um processo de lavagem de dinheiro, que corre em segredo na Justiça de São Paulo, apontou a escola de samba Vai-Vai como reduto do Primeiro Comando da Capital (PCC), maior facção criminosa do mundo em movimentação financeira.
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Entre os alvos da investigação da Polícia Civil estão o diretor financeiro e conselheiro da agremiação, Luiz Roberto Marcondes Machado de Barros, o Beto da Bela Vista.
Uma das mais tradicionais escolas de samba do Estado e vencedora de 15 títulos no Carnaval, a Vai-Vai passou a ser investigada quando a polícia recebeu diversas denúncias que apontavam a ligação de Beto com o crime organizado.
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De acordo com um trecho do relatório policial, a escola de samba é reduto do PCC e, justamente por esse motivo, expulsou alguns dos componentes da agremiação que eram policiais.
O que disse a escola de samba
A Vai-Vai informou, em comunicado, que a ala prestou uma homenagem ao álbum Sobrevivendo no Inferno, do Racionais Mcs, sem a intenção de promover qualquer tipo de ataque ou provocação.
“O desfile tratou-se [sic] de um manifesto, uma crítica ao que se entende por cultura na cidade de São Paulo, que exclui manifestações culturais como o hip hop”, esclareceu a nota da agremiação.