Dois acontecimentos marcaram Brasil e Israel nos últimos dias. Dois países de tamanhos, número de habitantes, clima e idiomas diferentes. Um é tropical, outro desértico. No de maior dimensão, a esperança é por dias melhores. No de menor tamanho, a esperança é no porvir.
Mas o que os fez se igualarem é algo invisível, longe do samba ou das canções folclóricas judaicas. Alheio à força da energia renovável ou das startups. Ambos foram vítimas de uma violência que, mais do que a própria política, ideologia ou divisões sociais, tem simbolizado o atual estágio de muitos seres humanos.
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Há sim muita coisa em comum no assassinato brutal dos três médicos no Rio de Janeiro, na quinta-feira 5, e a invasão atroz de militantes do Hamas em território israelense, no sábado 7, atirando a esmo e fazendo reféns.
No primeiro, morreram de forma atroz os doutores Diego Ralf Bomfim, Marcos de Andrade Corsato e Perseu Ribeiro Almeida. O doutor Daniel Sonnewend Proença, outra das vítimas, sobreviveu. Estavam se divertindo e conversando perto de um quiosque, em meio a um congresso de Ortopedia, especialidade na qual eles, com todos os méritos, eram referência.
No outro, cenas de jovens sendo levados, com os semblantes aterrorizados, por homens armados. Corpos de senhoras, crianças, pessoas que passeavam, estudavam, cantavam, dançavam, sonhavam, ficaram estendidos pelas ruas arborizadas e bem construídas de Israel.
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Os dois casos refletem a precariedade humana em acreditar que as condições sociais desfavoráveis justifiquem a entrada na criminalidade e o uso da violência. Não existe bandeira para essa causa.
Nem o dito desejo de libertar a Palestina, delírio insano do Hamas, nem a causa por melhores condições para os presos e uma revolta contra o sistema. Como no caso do crime organizado no Brasil.
Matança é a solução encontrada por esses grupos
Ambas as situações se alimentam de contrabando, assaltos, tráfico e assassinatos. E por mais excluídos que os perpetradores desses crimes sejam (ou se sintam), na esdrúxula ideia de representarem algo, a opção pela barbárie jamais será uma maneira de incluí-los em qualquer nicho. Nem no dos bandidos.
A Lei de Talião desses Estados paralelos e ilusórios faz da matança a maior sentença. A solução encontrada. A banalização da vida. Os supostos assassinos dos três médicos também provaram dessa realidade ao eles mesmos terem sido assassinados depois.
A questão é muito mais psicológica do que econômica e depende da força de caráter. Depende de não desistir de encontrar caminhos mais construtivos em meio à própria agonia de se sentir humano. Inerente, aliás, a todos, ricos ou pobres.
Neste sentido, Hamas e o crime organizado brasileiro têm muito em comum. Um, tem como único objetivo destruir Israel. O outro, o Brasil. Mas, se formos ver bem mais a fundo, para além do que reivindicam, os dois querem é mesmo destruir a humanidade.
No Brasil existe uma bandeira para essa causa, nela esta escrito: “O amor venceu”