Desde o fim de abril, os vinhedos na Serra Gaúcha enfrentam intensas chuvas que atingem o Rio Grande do Sul. Flávio Rotava, produtor de vinhos em Bento Gonçalves, relatou ao portal g1, nesta sexta-feira, 17, que cerca de 250 hectares foram danificados, com perdas estimadas entre 20% e 30% na próxima colheita.
“A perda vai ser grande”, afirmou Rotava. “É praticamente uma área que ficará imprópria para o cultivo de videiras e será praticamente extinta para trabalho.” A produção anual da vinícola Rotava, que leva o nome da família, é de 100 mil garrafas.
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A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Sul (Emater/RS) informou que os alagamentos na região destruíram pelo menos 500 hectares de vinhedos, um número que pode aumentar conforme novos relatórios sejam recebidos.
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Estima-se que os danos possam representar até 2% dos 44 mil hectares ativos no Estado. Apesar dos prejuízos, a colheita da safra de 2024 já foi concluída entre dezembro e março, e as uvas estão em processo de vinificação.
O gerente técnico da Emater/RS, Luís Bohn, afirmou ao g1 que a produção de suco e vinho não está comprometida em termos de estoque, mas muitas famílias perderam tudo e precisam de apoio para continuar.
“Estamos nos preparando para estimulá-los a tocar o negócio à frente”, disse Bohn. Além disso, o setor vinícola enfrenta o desafio de recuperar estradas para escoar a produção. O Ministério dos Transportes estima que 62 trechos de estradas e pontes precisarão ser reconstruídos, com um custo inicial de R$ 1,2 bilhão.
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A população da Serra Gaúcha tenta se reerguer em meio às buscas por desaparecidos. Rotava é vizinho de um casal de idosos mortos em um deslizamento. Ele lamentou a situação e pediu ajuda.
“O Rio Grande do Sul só vai se erguer depois dessa tragédia se tiver a ajuda do país inteiro”, disse Rotava. “Com ações de adquirir produtos gaúchos para manter os empregos, para manter as transportadoras, para poder fazer a economia girar de novo.”
Serra Gaúcha lança campanhas para incentivar compra de vinhos
Campanhas, como a Solidariza RS e #CompreVinhoGaúcho, foram lançadas para incentivar a compra de vinho gaúcho e arrecadaram fundos para ajudar as regiões afetadas.
Inácio Salton, outro produtor de uvas em Bento Gonçalves, teve de abandonar sua propriedade por causa dos alagamentos e já prevê impacto na qualidade das uvas. “Nem imagino o tamanho do estrago”, disse. A Aurora, vinícola para a qual fornece uvas, está organizando grupos de produtores para reportar os danos.
O setor vitivinícola do Estado representa cerca de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul, com atividades de 550 vinícolas e cooperativas. O Instituto de Desenvolvimento da Uva, do Vinho e do Suco de Uva do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS) se reuniu na última terça-feira, 14, para discutir ações de recuperação.
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Daniel Panizzi, presidente da União Brasileira De Vitivinicultura, destacou os desafios na distribuição de produtos por causa da interdição do Aeroporto Salgado Filho. “Precisamos de força para recuperar a infraestrutura afetada pelas enchentes”, afirmou.
Bruna Cristofoli, que possui uma vinícola e um restaurante em Faria Lemos, na Serra Gaúcha, relatou ao g1 que o enoturismo, que representava uma receita significativa, foi severamente afetado.
“Tínhamos uma receita significativa vinda do enoturismo, que está comprometida”, disse Bruna. “Nosso restaurante atende 99% das pessoas de fora.” Ela pediu que os consumidores comprem vinho gaúcho e, sempre que possível, voltem a visitar a região.