Depois de cinco anos da tragédia que assolou Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), três corpos de vítimas ainda seguem na lama. O rompimento da barragem da empresa Vale matou 270 pessoas. Entre elas, duas mulheres grávidas.
A tragédia completa cinco anos nesta quinta-feira, 25. Até hoje, o Corpo de Bombeiros vistoriou 7 dos 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos, por efeito do rompimento. Apesar das buscas, ainda há famílias que esperam enterrar seus entes.
Quem são as vítimas que ainda estão nos rejeitos de Brumadinho
Tiago Tadeu Mendes da Silva, Nathália de Oliveira Araújo Porto e Maria de Lourdes da Costa Bueno são as três vítimas que seguem desaparecidas no local da tragédia. Tiago e Natália eram funcionários da mineradora. Maria de Lourdes estava de férias em Brumadinho.
“Já são cinco anos de espera”, disse a mãe de Tiago, Lúcia Aparecida Mendes Silva, ao portal g1. “Cinco anos de sofrimento, esperando o telefone tocar. É como se tivessem arrancado uma parte de mim.”
Nathália de Oliveira era estagiária da mineradora há quatro meses. Estava no horário de almoço, falando com o marido por telefone, quando viu a lama se aproximar e disse: “Deus, me dá o livramento”.
Algumas famílias ainda esperam pelas buscas. Outras, como a mãe de Tiago, Lúcia Aparecida, pedem que as autoridades parem de procurar os corpos.
“As buscas só me trazem mais dor, não vão mais achar o corpo do meu filho”, disse Lúcia. “Vão achar um ossinho dele, e não aceito. Não aceito enterrar um pedacinho dele. Peço às autoridades que parem as buscas.”
Hoje, os trabalhos de identificação das vítimas se concentram no antigo terminal de cargas ferroviárias da Mina do Córrego do Feijão, logo abaixo da barragem B1, que estourou em 25 de janeiro de 2019.
Inspeção de restos mortais
Mesmo com a continuidade das buscas, os bombeiros já não inspecionam os rejeitos ao longo de toda a área atingida pela lama, como ocorria até o segundo ano depois da tragédia.
Isso porque, desde 2022, equipes da Vale recolhem os rejeitos de minério de ferro e levam até o antigo terminal. Lá, um equipamento similar a um funil faz uma triagem dos materiais.
Em seguida, os bombeiros e os funcionários da Vale inspecionam os rejeitos que ficam em cima de uma esteira.
“Ao sinal de qualquer objeto de interesse, principalmente restos mortais, o bombeiro ordena a interrupção do movimento da esteira e desce para vistoriar o material”, relatou o tenente-coronel Josias Soares, do 7º Batalhão do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, ao site Notícias de Franca.
A inspeção separa qualquer objeto com mais que cinco centímetros. Quando os investigadores encontram restos mortais em qualquer uma das etapas do processo, enviam à perita criminal Angela Romano.
De acordo com as informações da polícia, as autoridades encontraram, no ano passado, 18 segmentos humanos e mais de 100 segmentos de animais, “principalmente vacas, cavalos e porcos”, afirmaram.
A partir do envio ao Instituto Médico-Legal (IML), as arcadas dentárias e segmentos que identificam impressões digitais recebem análise no próprio local. O DNA de roupas, escovas de dente e fios de cabelo doados por parentes das vítimas ajudam os peritos.
“A Vale não entregou e nunca vai entregar o corpo do meu filho”, diz Lúcia Aparecida, a mãe de Tiago. Ela e a filha, Daiana Mendes Almeida, defendem a interrupção das buscas e a construção de um parque no local da barragem, em homenagem às vítimas.
Resposta da Vale sobre a tragédia de Brumadinho
Segundo a Vale e o governo de Minas Gerais, a interrupção das buscas só vai acontecer quando encontrarem um segmento da última vítima. Ou, então, quando a vistoria ocorrer em todos os rejeitos.
Em nota, a Vale afirmou que sempre norteou suas atividades por premissas de segurança e que nunca houve um cenário que indicasse risco iminente de ruptura da estrutura B1, nome da barragem que se rompeu.
Conforme a reportagem do jornal Folha de S.Paulo, o relatório Dia a Dia do Acordo Geral de Reparação, até novembro de 2023, concluiu que 64% do compromisso de R$ 37,6 bilhões se firmou em 2021 entre a Vale, o governo de Minas Gerais, o Ministério Público Federal e o Ministério Público e a Defensoria Pública estadual.
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A empresa afirmou que assumiu um compromisso com a reparação que vai além do pagamento das indenizações e do cumprimento dos acordos judiciais.
Apesar de ter conhecimento dos problemas da barragem, a consultora Tüv Süd emitiu Declarações de Condição de Estabilidade da estrutura mesmo com o fator de segurança abaixo do recomendado por padrões internacionais. A mineradora sabia da situação e apresentou os documentos às autoridades.
Leia também: “Tragédia das chuvas: a vida depois da catástrofe”, reportagem de Dagomir Marquezi publicada na Edição 162 da Revista Oeste
Com o monte de dinheiro e influencia política que essa turma tem, vão concluir que a culpa é da barragem.
Até agora, só a turma do oito de janeiro tá em cana.