O município de Roca Sales, no Rio Grande do Sul, é um dos atingidos pela enchente que assola o Estado.
Segundo o prefeito Amilton Fontana (MDB), não há outra alternativa a não ser mudar a cidade de local. O político afirma que “não adianta reconstruir os prédios públicos e parte dos bairros residenciais no mesmo local em que sempre estiveram”.
“Vamos ter de deixar o rio passar onde ele quer”, afirmou Fontana ao jornal Folha de S.Paulo. “É a natureza. O rio quer passar e nós estamos aqui trancando a passagem dele. Então, o município precisa arrumar um local para a gente trabalhar a questão da área central e realocar aos poucos, começando pelos prédios públicos.”
A medida busca prevenir futuras catástrofes, especialmente depois da destruição de três grandes indústrias. A baixa desses locais resultou em três dias sem comunicação e energia.
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A cidade de Muçum, a 115 km de Porto Alegre, enfrenta problemas similares. O prefeito Mateus Trojan (MDB) projetou que 30% da cidade também será transferida para áreas mais elevadas, em virtude da alta suscetibilidade a inundações.
“É complexo”, afirmou o emedebista. “Envolve toda uma questão cultural, direito de propriedade das pessoas, viabilidade de logística. Uma série de fatores para consolidar todas etapas. Nossa intenção é gradativamente retirar da parte considerada de risco iminente toda a área da cidade. Mas é gradativo, não acontece de uma hora para outra.”
O hospital local, equipado com um gerador, serve como ponto de encontro para a comunidade. A cidade também sofre com falta de energia.
Com tragédia no Rio Grande do Sul, população de Roca Sales se une
Ambas as cidades enfrentavam alagamentos pontuais com o passar dos anos, mas agora assistem às suas infraestruturas sendo devastadas. Casas inundadas e placas de trânsito improvisadas em muros pichados passaram a fazer parte do cotidiano da população.
A situação gerou uma mobilização comunitária intensa, com grandes churrascos para alimentar os atingidos e distribuição de doações. Celoir Casemiro, uma costureira de Roca Sales, expressou a resiliência local: “De Roca Sales não vamos embora. Aqui é a nossa cidade, que escolhemos para viver o resto das nossas vidas. Graças a Deus temos força ainda pra lutar e conseguir vencer”.
A prefeitura da cidade está instalada na sede do Centro de Referência da Assistência Social (Cras). O lugar ficou alagado, mas não foi destruído. Os funcionários estão limpando o local, enquanto os dirigentes buscam reduzir os danos causados pela chuva.
Ao lado da prefeitura ocorre um churrasco com pão e linguiça, para alimentar as pessoas atingidas. O ponto de entrega de doações também está no local.
As enchentes de setembro de 2023 resultaram em 107 mortes confirmadas pela Defesa Civil estadual. Muçum, que já havia registrado 20 mortes antes da última enchente, não teve novos óbitos desta vez.
Roca Sales reportou cinco mortes e ainda há desaparecidos em áreas de difícil acesso. Com 700 km de estradas de chão, a região rural do município enfrentou vias obstruídas pelas chuvas. As buscas continuam com equipes de resgate usando helicópteros e barcos.
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