Ao ver uma mulher entrar em sua loja e ofendê-la por ser judia, a brasileira Herta Breslauer, 54 anos, nascida na cidade de São Paulo, ficou muito chocada. Ela sabia da existência do antissemitismo, mas, conforme conta a Oeste, não havia ainda sido vítima direta deste tipo de agressão.
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Os ataques sofridos por Herta ocorreram em 2 de fevereiro. Dias depois, ela aderiu à iniciativa #Pinforpeace pela paz e contra o antissemitismo. Dezenas de bottons da campanha ficarão disponíveis gratuitamente para quem visitar a sua loja, em Arraial d’Ajuda (BA), onde ocorreu a agressão.
Abalada com o episódio
O ponto de partida da campanha foram os ataques do grupo terrorista Hamas em 7 de outubro e a crescente onda de antissemitismo global. A iniciativa traz um símbolo que unifica seis laços para formar uma estrela de Davi.
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As pessoas podem postar selfies em preto e branco com o pin, que também pode ser virtual, do lado esquerdo do peito, e marcar cinco amigos com a hashtag #pinforpeace. Mais de vinte mil pessoas se incluíram na ação.
Herta se tornou mais uma integrante da campanha e, mesmo ainda abalada com o episódio, contou como estão sendo esses dias, em que o forte trauma tem sido acompanhado de uma onda de solidariedade. Confira.
Qual a sua relação com a cidade de Arraial d’Ajuda e quando você decidiu ir morar lá?
Eu morava em Israel, morei em Israel muitos anos e já estava sentindo uma necessidade de ficar mais próxima da minha família. Como eu sabia que não ia me acostumar a morar em São Paulo, que é onde eles moram, eu comecei a procurar um lugar onde eu me sentisse melhor, onde tivesse um pouco mais de qualidade de vida. Acabei conhecendo Arraial d’Ajuda e resolvi morar aqui. Não conhecia muito, mas pensei em tentar me acostumar. Me apaixonei pelo lugar e, por isso, viemos morar aqui.
Você já tinha planos de abrir a loja quando chegou à cidade?
Logo que a gente chegou, eu sabia que precisava começar a trabalhar. Sou nutricionista, então comecei a atender no consultório. Mas precisava fazer alguma coisa a mais. Foi daí que surgiu a loja, porque, em Israel, trabalhei numa loja esotérica por muitos anos. Lá eu aprendi muito sobre os cristais, os incensos, toda essa parte. E resolvi que eu poderia tentar isso aqui em Arraial também. Era algo que tinha muito de mim. Eu entendia bastante de cristais. Vi que aqui no Arraial não tinha esse tipo de loja e foi assim que surgiu também esse negócio.
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Como você via as manifestações de antissemitismo? Considerava que se tratava de algo distante de você?
Eu cresci em colégio judaico, estudei desde criança em colégio judaico até a adolescência. Também estudei em Israel, em Ayanot (centro de estudos e convivência de jovens em Israel). Então, a gente sempre estudou sobre o antissemitismo. Só que eu nunca imaginei que eu ia passar por esse antissemitismo, né? Mas eu tinha a noção… eu sabia que isso existia, sim, e via acontecendo em várias situações.
De que maneira você via a sua loja, o que mais gosta nela?
A loja é muito mais do que um sonho realizado. Nós começamos com ela bem devagarzinho, colocando item atrás de item lá dentro, afunilando para ela ficar exatamente o que ela é hoje em dia. Quando eu entro, enxergo o que eu queria que ela fosse. É um lugar de paz, de harmonia, tem aquele colorido. A loja é uma bênção na minha vida. Sempre falo para as pessoas que eu me sinto na minha casa. Eu fico mais tempo lá do que na minha própria casa. Na loja eu me sinto muito bem, é muito abençoada, é um espaço de muita luz.
O que você pretende fazer agora? Vai continuar com a loja e morando na cidade?
Eu estou muito abalada, muito triste com o que aconteceu aqui, mas Arraial d’Ajuda sempre foi um lugar muito bom para mim. Os meus filhos cresceram com qualidade de vida, cresceram em paz, a cidade não tem culpa disso que ocorreu. Bem pelo contrário, estou sendo bem abraçada também pelos meus amigos, pela população daqui. No momento, não penso em sair da cidade, gosto muito daqui. Sou muito grata por tudo que recebi todos esses anos. Foi nesta cidade que as crianças cresceram e estudaram. Então acredito que nós vamos passar por isso e ficaremos mais fortes.
Qual a sua relação com a religião judaica, com a comunidade judaica e com Israel?
Eu sempre tive muito orgulho de ser judia, sempre, tanto que assim que eu abri a loja, a primeira coisa que nós colocamos lá foi uma mezuzá (estojo de metal colocado no umbral das portas, com as mais sagradas rezas judaicas). Eu também coloquei uma frase escrita em hebraico que é zewod omni flabe hayai, que significa hoje mais um dia maravilhoso em minha vida. Porque tenho muito orgulho, muito orgulho mesmo de ser judia. Não tenho muito contato com a comunidade. Aqui no Arraial não temos convivência com tantas pessoas da comunidade, como nos grandes centros. Mas nós procuramos e sempre tentamos ao máximo passar para os filhos toda a tradição judaica.
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Como você está fazendo para se recuperar deste episódio?
A solidariedade e o apoio que eu tenho recebido estão sendo fundamentais para acalmar o meu coração. Então, é muito triste, eu estou bem abalada, mas estou me sentindo acolhida. Isso vai fazer com que eu passe por esse episódio da melhor maneira possível.
Você perdoa a sua agressora (a chilena Ana Maria Leiva Blanco, que já está sendo processada) e o que espera que seja feito em relação a essa atitude dela?
Eu acho que não é nem questão de perdoar ou não perdoar, porque já foi feito, já aconteceu. Agora a gente vai ter que se reerguer. O problema é que estamos falando de algo muito mais sério, que é o antissemitismo. Ela pode ter se dirigido a mim, mas atingiu um povo inteiro. Então é muito maior do que perdão ou não perdão. Não tenho nenhum sentimento no meu coração contra ninguém. Sobre o perdão, é ela mesma que vai ter que se perdoar pelo que fez, porque vai ter que lidar com isso também.
Qual mensagem você passaria para aqueles que são vítimas diretas ou indiretas do antissemitismo?
Am Israel Chai (O povo de Israel vive) é muito mais que isso, é Am Israel Chai V’Kaiam (O povo de Israel vive e resiste), porque nós somos um povo, nós já passamos por muitas coisas difíceis. Estamos passando por um período extremamente complicado, mas vamos continuar vivos e conseguir superar tudo isso. A comunidade judaica é indescritível, a força que a comunidade tem é assim, um não solta a mão do outro. O Am Israel Chai é isso. É todo mundo junto e para cima. Juntos somos mais fortes. Nós vamos conseguir passar por qualquer coisa quando estivermos juntos, é isso que importa.
Viva o povo Judeu, viva o Estado de Israel, viva o movimento Sionista. Não tem registro de perseguição mais duradoura na História da Humanidade do que a perseguição feita ao povo Judeu. Ela ( a perseguição) se dá desde os primórdios da humanidade até os dias de hoje. Reconhecemos oh quanto esse povo tem fibra, é forte e valente pois, nunca deixou ser exterminado por aqueles que tiveram e vem tendo esse proposito, e até os dias de hoje luta contra os bárbaros que ainda buscam em vão o seu fim.
Vida eterna ao Povo Judeu.
Mesmo sabendo que é um fato a perseguição aos judeus, eu não consigo entender o porquê desse ódio. A lógica e o intelecto ético apontam o quanto esse povo é injustiçado, e mesmo assim brotam criaturas humanas com esse pensamento negativo em relação ao semitismo. E como tudo de ruim, falso, e ilegítimo esta presente o pessoal da esquerda, no Brasil e mundo a fora.
Na pífia compreensão deste povo camhoto fica assim: Israel == Estados Unidos == capitalismo == inimigo.