Uma ação do Ministério Público do Trabalho (MPT) solicitou há dez anos a suspensão dos voos da companhia Passaredo, hoje conhecida como Voepass, por riscos de acidentes aéreos. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
À época, a empresa acumulava atrasos salariais que, de acordo com a promotora do caso, poderiam resultar em abalo psicológico da tripulação e capaz de comprometer a segurança da atividade.
No entanto, a Justiça negou a interrupção dos voos. Na ocasião, o MPT estipulou multa e condenou a empresa a quitar os débitos trabalhistas.
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A Voepass, que está em recuperação judicial, disse à Folha que as questões trabalhistas da empresa na Justiça são acompanhadas, devidamente tratadas, e que ela atua em setor altamente rigoroso com a segurança.
Segundo a reportagem, não é possível estabelecer neste momento relação entre questões trabalhistas e a queda da aeronave da Voepass na cidade de Vinhedo (SP), que matou 58 passageiros e quatro tripulantes na última sexta-feira, 9.
Um novo procedimento foi instaurado pelo MPT para apurar as condições de trabalho dos tripulantes a bordo do voo 2.283.
No procedimento instaurado há dez anos, a Procuradoria afirma que “a mora salarial de forma fracionada acarreta prejuízos financeiros e sociais aos trabalhadores, além de abalo psicológico e potencial risco de acidentes aéreos” e requisita que, em caso de descumprimento do pagamento integral dos salários no quinto dia útil de cada mês, seja imposta “imediata suspensão de suas atividades aéreas”.
Voepass não esclareceu se está em dia com salários e verbas trabalhistas
Questionada pela Folha, a empresa não respondeu se atualmente está em dia com os salários e demais verbas trabalhistas de tripulantes e outros profissionais empregados.
Em nota enviada ao jornal, a Voepass informou que “mantém um parcelamento em vigor e tem em curso uma negociação de parcelamento para pagamento do FGTS dos funcionários”.
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“As questões trabalhistas que envolvem ações na Justiça são acompanhadas e devidamente tratadas”, acrescenta a empresa.
A companhia também informou que “atua em um setor altamente regulado e rigoroso com a segurança da operação, e os procedimentos da empresa atendem os padrões da aviação internacional, como a certificação Iosa, um requisito de excelência operacional emitido para os membros da Iata”.
“Os aviões não decolam fora da conformidade”, concluiu o comunicado.